21 maio 2023

Dédalo dos Fanzines

Há cerca de 25 anos atrás, depois de saber (provavelmente, através do jornal Blitz) que tinha sido editado o Dédalo dos Fanzines, contactei o editor para adquirir a publicação. Para o efeito, enviei uma carta com o pedido, acompanhada de um cheque de 1.500$00 escudos e fiquei a aguardar a volta do correio (era assim que se fazia nesse tempo)...
Passado bastante tempo, recebi uma simpática missiva de Geraldes Lino (um dos editores) a devolver-me o cheque, justificando que o "Dédalo dos Fanzines" teve uma muito escassa tiragem, praticamente uma edição experimental, com a finalidade principal de obter "copyrights" e impedir que outros usurpassem a ideia. Explicava ainda que em consequência da reduzida tiragem, a edição tinha esgotado imediatamente após ser colocada à venda no Festival da Amadora.
Não obstante, estava nos propósitos dos editores fazer uma nova edição melhorada e com algumas rectificações a sair entre finais de 1998 e inicio de 1999.
Na mesma carta, com a sua proverbial curiosidade, Geraldes Lino questionou sobre a possibilidade de lhe encontrar um livro de BD, relativo à cidade de Braga que não tinha conseguido arranjar e uma lista dos fanzines que eu possuía.
Muito generosamente, depois de lhe enviar o tal livro, recebi, em troca, uma montanha de fanzines editados por G. Lino e outros que ele tinha repetidos. Nos anos seguintes, fomos mantendo algum contacto esporádico, mas nunca mais houve novidades sobre a reedição do "Dédalo dos Fanzines".
Da última vez que abordei o assunto, Geraldes Lino referiu que o facto de ter cortado relações com o outro editor (Leonardo de Sá), inviabilizou qualquer hipótese de reedição do Dédalo.
Após mais de duas décadas de busca persistente, acabei por conseguir obter um exemplar do "Dédalo dos Fanzines" e confirmar que a edição foi de apenas 40 exemplares numerados e assinados pelos editores.
Toda esta situação é bastante lamentável, ainda mais tendo em consideração que a bibliografia nacional relativamente a esta matéria é praticamente inexistente.
No prefácio, Leonardo de Sá informa que o Dédalo dos Fanzines, seria um mero capítulo de uma obra magna que estaria (estará ainda?) a preparar o Dédalo: O Catálogo da Banda Desenhada em Portugal, e que teria ganho autonomia com a colaboração de Geraldes Lino - provavelmente o maior coleccionador em Portugal de fanzines de banda desenhada.
Em troca de correspondência ocorrida em 1998, Geraldes Lino informou-me que possuía cerca de 350 títulos editados desde 1972, correspondendo a cerca de 2000 exemplares / números.
Ora é exatamente esse raro espólio que é inventariado no "Dédalo dos Fanzines" ao longo de 60 páginas, organizadas por ordem alfabética, começando no fanzine "À Margem" e terminando no "Zorck".
O "Dédalo dos Fanzines" é extremamente sistemático e formal, fornecendo todas as características das publicações referenciadas, sendo, no entanto, muito parco em imagens, o que se revela a sua principal lacuna.
Cada entrada no Dédalo é constituída pela referência às características identificativas (nome, editor, data de edição, números publicados, etc.) características físicas (formato, tipo de impressão, n.º de páginas, tiragens), bem como uma brevíssima descrição do conteúdo de cada publicação e identificação dos participantes.
Rememoram-se assim, os 25 anos decorridos desde a publicação do Dédalo dos Fanzines e homenageia-se os seus editores, especialmente o já desaparecido Geraldes Lino.
Renova-se a esperança de uma edição revista e atualizada abrangendo os 50 anos de publicação de fanzines de banda desenhada em Portugal.
Dédalo dos Fanzines - O Catálogo das Publicações Amadoras de Banda Desenhada em Portugal, Outubro de 1997, 72 págs, impressão a preto & branco, capa em cartolina fina de cor sépia, 16x24cm. Tiragem: 40 exemplares. Edição: Edições Temporárias, Lisboa.

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