Sufoco
O Sufoco de Bárbara Lopes é aquele aperto que insidiosamente vai tomando conta dos nossos dias e que chamamos de rotina. Os sonhos e os projectos idealizados que gradualmente vão sendo esquecidos no rodopio dos afazeres profissionais e familiares.
O tempo vai passando e a sensação de sufoco vai aumentando até se tornar insustentável. Há escolhas que têm que ser feitas e atitudes que têm que ser assumidas para a vida voltar a ganhar algum ar. A alegria, a liberdade, a ilusão até ao próximo sufoco.
Bárbara Lopes afirmou que este Sufoco "é, como outros fanzines meus, um escape. Quando o Paulo Monteiro me pediu uma história para a Coleção Toupeira, pensei que seria apropriado fazer algo à volta do stress da Pandemia. Por outro lado, achei que já estamos todos fartos desse tema, por isso peguei na experiência de trabalho que tive durante a primeira metade do ano, cheia de incertezas e contradições, e tentei dar liberdade suficiente ao texto para que, quem quisesse ler alguns sentimentos despoletados pelo período de confinamento, poderia muito bem fazê-lo. No final de contas, uma rotina forçada torna-se sempre desconfortável, seja apenas na esfera profissional ou no dia-a-dia, e todos sentimos na pele, uns mais que outros, a privação de vida social e a sensação de não poder “respirar livremente” presente nestes últimos dois anos. No caso do meu episódio (não chega propriamente a ser uma história), tentei transmitir o peso, o controlo e o desalinhamento de ideais que senti nesse ambiente laboral. Nas últimas pranchas, apesar do acto de liberdade que sucede, há também um reconhecimento de impotência do mesmo e uma aceitação do ciclo de sufoco e respiração constante, pois haverá sempre uma rotina e uma crescente necessidade de quebrar com a mesma."
Sufoco [Colecção Toupeira #13], Setembro de 2021, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
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