22 fevereiro 2024

Mesinha de Cabeceira

Mesinha de Cabeceira #0
O fanzine Mesinha de Cabeceira (MdC) começou a ser editado em 1992 por Marcos Farrajota e Pedro Brito, pelo que comemorou 30 anos de existência em 2022.
Este número inaugural, apresentava como temas o Outono e as aulas, pois a estação era o Outono e a malta do fanzine era jovem e com o fim das férias de Verão ia regressar às aulas. O MdC pretendia adoptar um tema para cada edição, mas ia logo avisando que havia flexibilidade relativamente a esta matéria, o que foi bastante sensato - eles eram jovens, mas não eram tontos!
São apresentadas bd de Marte e Pedro Brito, de Rui Lacas e de Miguel Falcato.
Na vertente de divulgação musical, é publicada uma entrevista a uma banda completamente desconhecida com o nome de "Coca Cola Mentol & Conflitos".
Na rúbrica "Críticas Crípticas", Arlindo Horta escreve uma resenha sobre a novela gráfica "Arkham Asylum" de Dave McKean.
Na secção de notícias curtas "Rapidinhas", uma vez que não se consegue alinhavar nada sobre os The Smiths e sobre o filme "Naked Lunch" de David Cronenberg, falam sobre a morte iminente de um super-herói da DC Comics e também sobre o concurso de cartoon Amadora/92.
Também são publicados textos "incoerentes e marados" da amiga Ana.
Conheço o MdC praticamente desde o início e é um fanzine muito especial para mim, uma vez que acompanhou em simultâneo o meu crescente interesse por publicações amadoras. Fui assistido às suas diversas mutações: fanzine colectivo, outras vezes monográfico; da fotocópia à serigrafia; do preto & branco à impressão a cores; os vários tamanhos e formatos, os diversos tipos de papel, autores portugueses e estrangeiros...Ao longo de mais de 40 edições, o MdC apresentou-se sempre diferente, mas com uma notória evolução no trabalho de edição e publicação a cada novo número.
Muito mais haveria a dizer sobre o MdC, mas a melhor homenagem que lhe posso prestar é voltar a pegar nas suas edições, rever e ir deixando aqui algumas notas pessoais.
Julgo que me faltam alguns dos números iniciais, uma vez que o Marcos sempre recusou fazer reedições... O que faz algum sentido, quando se acredita que o melhor é o que está para vir!...
Mesinha de Cabeceira #0, Outubro de 1992, 24 págs, fotocópia a preto & branco; capa em papel cor laranja, 14,9x21cm. Tiragem: 100 exemplares. Edição: FC Komix.

Mesinha de Cabeceira #4
O tema deste quarto número "sangue novo", pretende dar visibilidade a novos autores ainda por publicar. A capa e contracapa são assinadas por Sandro. A primeira banda desenhada, intitulada "Folhetim - Parte 5" começa sempre com o mesmo pressuposto, derivando para desfechos diferentes. Segue-se "Lisboa Dá à Luz" por Vitor Santos, uma cidade em processo de transformação, parindo novos edifícios.
Na rúbrica "Criticas Crípticas", Marcos Farrajota relata os principais eventos do 7.º Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto. Depois, Deo apresenta a prancha "A Companhia dos Monstros". Logo de seguida, somos surpreendidos com a primeira bd de Gregório, às voltas com a sagrada trilogia do sexo, drogas e morte, que assombra a existência de muitos artistas.
Novo capítulo de 
"Criticas Crípticas", com Marcos Farrajota a insistir na banda Coca Cola Mentol & Conflitos (ver MdC #0).
Pedro Brito apresenta "Tédio!" bd sobre a falta de inspiração e de algo interessante para fazer. Antes da nova secção de correio dos leitores, é publicada uma ilustração de Pedro Proença. Nas páginas centrais, duas pranchas por Maria João.
Mira apresenta uma "bd montagem", sequenciando uma série de vinhetas de proveniências e estilos diversos, procurando uma possível narratividade. Depois, vem "Playrats" por João Tércio e uma nova bd de Gregório, desta vez, com guitarras distorcidas e multidões em delírio.
"Inadaptados" marca a estreia de Nunsky, com a bd mais extensa, exibindo todo o catálogo de criaturas que habitam o submundo da grande selva urbana: drogados, vagabundos, prostitutas e inadaptados. Quando os skinheads se cruzam no caminho, segue-se uma orgia de sangue e vísceras de carecas nazis, arrancadas a golpes de motosserra.
Mesinha de Cabeceira #4, Janeiro de 1994, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tiragem: 115 exemplares. Edição: FC Komix. Barreiro.

Mesinha de Cabeceira #10
Editado por Marcos Farrajota / FC Kómix, em colaboração com a Associação Chili Com Carne, conta com capa e bandas desenhadas de Marcos Farrajota. A primeira parte deste número é preenchida com "Histórias de Noitadas, Deprês & Bubas", num estilo diarístico, algumas vezes escorregando na irrelevância, outras vezes (os melhores momentos) num estilo autobiográfico, que nos suscita a dúvida se o autor não estará a divagar e a ficcionar a sua vida e intimidade.
Segue-se a rúbrica "Críticas Crípticas" comentando diversas publicações alternativas como "Malus" de Christopher Webster e "Sourball Prodigy" de Mike Diana, ambas posteriormente editadas por M. Farrajota. No tocante aos fanzines nacionais, notas sobre Sub #1, Shock #19, Aardvark #3 e Atelier de Técnicas Narrativas - Curso de Banda Desenhada.
Daniel D. (Dias) apresenta uma bd sanguinolenta em duas pranchas. De seguida, um extenso artigo "Tolerância Zero" escrito por Mike Diana, narrando o seu caso com o sistema judicial americano devido ao seu fanzine "Boiled Angel".
Na última página, o "Rejeitados #8", com um desenho da Mariazinha por Rui Lacas, feito para um poster que nunca chegou a ser impresso.
Mesinha de Cabeceira #10, Novembro de 1996, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tiragem: 150 exemplares. Edição: FC Komix. Cascais.

0 comentários:

  © Ourblogtemplates.com