29 junho 2025

Mamoca


Mamoca foi um fanzine em tom satírico criado pelos alunos da Escola Secundária Alberto Sampaio - Braga, abordando os podres do mundo do teatro e da representação, referindo como não basta fingir ser bom para se ser um verdadeiro actor.
O primeiro texto refere a importância da utilização de Betadine no teatro, tanto para fins de cura de feridas, como para beber em caso de engano!
O segundo texto, apresenta uma modelo que se queixa das condições precárias da sua profissão, desde ter que fazer três shows por dia, recebendo pouco por isso. Lamenta também exigirem-lhe demasiado, desde não andar devagar a não sorrir, a alimentação restritiva e à invasão de privacidade.
Segue-se uma notícia sobre um encenador encontrado morto pela sua empregada, talvez por suicídio ou ataque cardíaco devido a não aguentar uma nova modelo que trabalhava com ele.
As páginas centrais são preenchidas com fotografias de jovens aos saltos, suspensos no ar, quase a gravitar.
O quarto trecho fala sobre o perigo de mascar chicletes, escrito por um ex-mascodependente, sobre as consequências do vício, desde assaltos a lojas de pastilhas, subalimentação devido à variedade de sabores, problemas nos maxilares devido às várias horas de mastigação, e por fim sobre as possibilidades de cura.
Há também uma banda desenhada sobre um “homem” cuja cabeça caiu e que consulta o médico para tentar perceber melhor o seu problema, acabando por descobrir que era um cadáver recalcitrado.
Por fim, está um texto sobre um casting para seleccionar um alce de botas para substituir uma estrela da Broadway, bem como uma lista  com os requisitos indispensáveis para o efeito.
Ao longo das páginas do Mamoca encontram-se diversos desenhos e ilustrações, bem como algumas fotografias. No final do fanzine, encontra-se um pequeno glossário de língua portuguesa. 
Os colaboradores deste fanzine foram Ana Ribeiro, Belmiro Oliveira, Guillaume LePen, Helena Carneiro, José Miguel Braga, José Costa, Júlio Gonçalves e Miguel Meira.
Mamoca, Maio de 2006, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Edição: TiT!. Braga.

26 junho 2025

Shipwrecked

Shipwrecked #1
Paralelamente ao seu labor na editora Opuntia Books, André Lemos lançou, entre finais de 2024 e início de 2025, através da chancela pessoal AL, um conjunto de pequenos opúsculos que têm em comum a apropriação de imagens preexistentes, sejam elas impressas em antigas revistas ou imagens de uso livre disponíveis na internet.
Dentre as novas publicações, registam-se dois volumes com o título Shipwrecked, compilando imagens resultantes de pesquisas na internet utilizando a palavra "shipwreck", que depois André Lemos seleccionou e editou.
São bastante surpreendentes as representações que existem sobre a temática dos naufrágios. O mar sempre esteve muito presente na iconografia, mas assumiu maior evidência no período romântico com representações de episódios com grande encenação e dramatismo, cujo expoente máximo será a obra "A Jangada de A Medusa" da autoria do pintor francês Theodore Géricault.
Os naufrágios fazem parte da memória e do imaginário colectivo, com histórias de grandes desastres, pirataria e canibalismo, o Titanic, o submarino Kursk e mais recentemente as inúmeras embarcações que atravessam o Mediterrâneo sobrelotadas com migrantes africanos.
As imagens seleccionadas por Lemos alternam entre cascos de navios já afundados, cenas representando o momento do naufrágio e a busca pela salvação. Há cenas inquietantes e emotivas, retratando a fragilidade da condição humana, o sofrimento e a esperança. Destaque para a reprodução da obra "Naufrágio de um Cargueiro" de William Turner, um momento exaltante de demonstração do poder esmagador da natureza e o dramatismo da insignificância do elemento humano.
Na capa, está o obelisco em memória das vitimas do naufrágio do navio Bristol em 1836, perto de Nova Iorque.
Shipwrecked #1, Janeiro de 2025, 12 págs, impressão laser a cores, 10x14,3cm. Edição: AL [4].

Shipwrecked #2
Na capa surge uma imagem publicitária do século XIX criada para uma marca de cigarros, representando o corsário Bartolomeu Português, autor do primeiro "Código dos Piratas".
Neste segundo tomo, os naufrágios estão representados também pela sua vertente técnica e histórico-arqueológica com esquematizações gráficas dos destroços, remetendo-nos para a exploração científica, o turismo subaquático e para os caçadores de tesouros no fundo dos mares.
As representações imagéticas de naufrágios oferecem aos seus receptores um largo espectro interpretativo, evidenciando o carácter mágico das imagens, fornecendo um código visual que traduz eventos em situações, em cenas que medeiam o acontecimento catastrófico e a ideia que formamos sobre ele.
Existem diversas experiências noutros registos não visuais que procuram representar a tragédia do naufrágio, como as obras musicais "The Sinking of Titanic" do compositor Gavin Bryars ou "The Kursk" de Matt Elliott. 
As representações sonoras, visuais, monumentais, etc., não se limitam apenas a eternalizar as grandes tormentas, os desastres naturais, os efeitos da guerra ou de acidentes, antes constituindo registos de mediação que nos fazem vivenciar acontecimentos traumáticos marcantes em função das suas representações.
 
Shipwrecked #2, Janeiro de 2025, 12 págs, impressão laser a cores, 10x14,3cm. Edição: AL [5].

23 junho 2025

Sufoco

O Sufoco de Bárbara Lopes é aquele aperto que insidiosamente vai tomando conta dos nossos dias e que chamamos de rotina. Os sonhos e os projectos idealizados que gradualmente vão sendo esquecidos no rodopio dos afazeres profissionais e familiares.
O tempo vai passando e a sensação de sufoco vai aumentando até se tornar insustentável. Há escolhas que têm que ser feitas e atitudes que têm que ser assumidas para a vida voltar a ganhar algum ar. A alegria, a liberdade, a ilusão até ao próximo sufoco.
Bárbara Lopes afirmou que este Sufoco "é, como outros fanzines meus, um escape. Quando o Paulo Monteiro me pediu uma história para a Coleção Toupeira, pensei que seria apropriado fazer algo à volta do stress da Pandemia. Por outro lado, achei que já estamos todos fartos desse tema, por isso peguei na experiência de trabalho que tive durante a primeira metade do ano, cheia de incertezas e contradições, e tentei dar liberdade suficiente ao texto para que, quem quisesse ler alguns sentimentos despoletados pelo período de confinamento, poderia muito bem fazê-lo. No final de contas, uma rotina forçada torna-se sempre desconfortável, seja apenas na esfera profissional ou no dia-a-dia, e todos sentimos na pele, uns mais que outros, a privação de vida social e a sensação de não poder “respirar livremente” presente nestes últimos dois anos. No caso do meu episódio (não chega propriamente a ser uma história), tentei transmitir o peso, o controlo e o desalinhamento de ideais que senti nesse ambiente laboral. Nas últimas pranchas, apesar do acto de liberdade que sucede, há também um reconhecimento de impotência do mesmo e uma aceitação do ciclo de sufoco e respiração constante, pois haverá sempre uma rotina e uma crescente necessidade de quebrar com a mesma."
Sufoco [Colecção Toupeira #13], Setembro de 2021, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.

20 junho 2025

O Mouco

No editorial refere-se que esta edição do Mouco deveria ter saído um ano antes, mas apesar desse atraso, não se nota que o conteúdo esteja minimamente desactualizado. A abrir, comenta-se a programação e as bandas incluídas no cartaz do Festival do Porto, e divulga-se o trabalho dos norte-americanos Elk City, na sequência do lançamento do seu segundo disco.
Referência também para os The New Year e para o seu disco "Newness Ends". Recupera-se o surpreendente trabalho de Spike Jones nos anos 40/50 e a sua influência em muita produção musical posterior.
Segue-se uma banda desenhada cruzando ovni's e castigos divinos desenhada por Tiago Lourenço e escrita por João Lourenço.
Na senda da invasão musical nórdica, são destacados os suecos Logh, logo seguido por um pequeno artigo assinalando o vigésimo aniversário da editora Dischord.
Referência também para o concerto dos Karate no bar portuense O Meu Mercedes é Maior Que o Teu.
De seguida, um exercício de futurologia sobre prováveis bandas em destaque naquele ano, nomeando The Raveonettes, Yeah Yeah Yeah's e The Kills, todas tendo em comum elementos do sexo feminino.
Para finalizar, aproveitam para relembrar os britânicos World Domination Entreprises e o seu disco "Let's Play Domination".
Como já vinha sendo habitual nas anteriores edições do Mouco, há um CD extra contendo uma compilação de 12 temas de bandas alternativas como os Hella, Picastro, Volta do Mar, Je Suis France, Murder By Death, The Microphones, Tha Allstar Project, Everybody Uh Oh, Young People, The Advantage e Red Shirt Brigade.
O Mouco foi um dos melhores fanzines surgidos em Portugal na mudança de milénio, tendo direito a um lugar cativo na Fanzineteca Ideal.
O Mouco Bob, Junho de 2003, 20 págs, impresso a uma cor, 14x18cm. Porto.

18 junho 2025

Carneiro Mal Morto

Carneiro Mal Morto #2
Recuperando o que Ana Ribeiro referiu no sítio Bandas Desenhadas: "Este fanzine foi criado em mil novecentos e noventa e oito. Por extenso fica ainda mais antigo. E sobreviveu, até hoje, no armário que era das costuras da minha avó e de cenas que já nem recordo bem. Quando o revejo, releio, tenho vontade de ouvir música e sei que este zine puxa para a música… Gótica. Sei? Sei porque o sinto. Não por ser verdade, mentira ou realidade. Como não conheço assim muita música refundida acabo por ouvir Peter Murphy e o seu belíssimo “Marlene Dietrich’s favorite poem”.
Também associo ao existencialismo. Pela solidão. Todavia, menos. Muito menos. Acho que é de amor que falam os autores. Pois…impossível falar de amor sem falar de solidão, se calhar. Por oposição. Não quer dizer que Camus não falasse de amor. Mas devo estar algo confusa porque O Estrangeiro de Camus faz-me associar ao Crime e Castigo de Dostoievski. Isto são tudo pontapés no deus dos livros. Como quando alguém mais antigo nos diz: “dás pontapés em Deus”. E é tudo menos o que queres fazer. Contudo, não tens culpa do teu cérebro fazer estas associações 🙁.
Bom, voltando ao zine e ano de mil novecentos e noventa e oito. Ao deserto. Como é bom ler e ouvir alguém falar do deserto. E mais uma vez associo à existência de um limbo. Entre a morte e a vida. O amor e a Solidão. Recordo também uma paz estranha quando se fala nas coisas que doem ao encontrar um ouvinte. Um Bom ouvinte. Para uma boa história sobre o deserto. Sobre a possibilidade do milagre de estar vivo. E não, não é assim tão banal por esse universo fora."
Também o blogue Uma Bedeteca Anónima referenciou este número do Carneiro Mal Morto: "Criado e editado por Rafael Gouveia (que participou na colecção LX Comics) e o misterioso Daniel Dias, este fanzine a dois inseria-se numa tendência de aceitação nada fácil nos anos 90 (e mesmo agora, o que dizer?) das ideias do autor norte-americano Ralph Woods (Comics: Structure and texture, Black Press, New York, 1996), no sentido da viabilização de uma BD de cariz experimental, “multifacetada e transdisciplinar” (…) liberta dos seus padrões clássicos (..) feita de delírios gráficos da “poesia desenhada”.
Entre várias BDs curtas destes autores (gémeos? os seus estilos gráficos são muito próximos) é excepcionalmente bela a BD “Lonely Planet” de duas páginas, em que a sensação de solitude é exposta de uma forma desarmante e simples. Uma pérola a rever…"
Carneiro Mal Morto #2, Março de 1998, 20 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 1000 exemplares. Cascais.

Carneiro Mal Morto #3

Três histórias carregadas de depressão, melancolia e desespero. Na primeira banda desenhada, mergulhamos nos pensamentos desconfortáveis vertidos em inglês, de uma jovem perdida num misto de incerteza e colapso emocional, a um pequeno passo de cometer suicídio "even if they say that is not the fall that kills you. It's the sudden spot."
Na segunda bd, Rafael Gouveia muda o estilo do desenho, mas mantém uma continuidade temática e um ambiente carregado de mal-estar e gente no limite do descontrolo e da loucura.
A última banda desenhada "Lonely Planet" devolve-nos a melancolia citadina, o spleen que se desprende dos cigarros fumados incessantemente para disfarçar o frio existencial e a solidão.
Carneiro Mal Morto #3, Maio de 2001, 20 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Cascais.

Carneiro Mal Morto #4
O quarto número do Carneiro Mal Morto reúne três trabalhos de Rafael Gouveia. A primeira está carregada de um nocturno spleen citadino.
A segunda banda desenhada, é a mais longa e apresenta-se como "desenhos mais ou menos poéticos" inspirada por excertos do livro "Textos Mais ou Menos Poéticos" de Rafael Dionísio.
Por fim, regressa a melancolia vivenciada no meio dos prédios com as janelas iluminadas, das ruas bem sinalizadas e despidas de vida e de sentimentos.
Carneiro Mal Morto #4, Junho de 2001, 20 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Cascais.

Carneiro Mal Morto #5
O quinto lançamento sob a designação Carneiro Mal Morto, reúne quatro histórias escritas em inglês: a primeira "Smoke, The Monologue Series Chapter 1", já tinha sido anteriormente publicada na revista Quadrado #2, Vol. 3. A segunda bd, intitulada "Map", constitui uma reflexão sobre a vida, que não se confina aos limites de mapas e planos bem definidos. Esta bd também já era conhecida da antologia Mutate & Survive, publicada pela Chili Com Carne em Outubro de 2001.
Segue-se a bd inédita "Catherine", na qual Rafael Gouveia parte de um texto de Mark Helfrich para narrar uma história sobre um relacionamento amoroso que não resultou.
A última banda desenhada "I Am in a Group", baseada num texto de Jens, um jovem norte-americano, decompõe um sentimento de irremediável solidão, apesar de todas as tentativas de integração no grupo. Esta bd também já tinha sido publicada na antologia Stereoscomic, 2001. 
Carneiro Mal Morto #5, Janeiro de 2002, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Edição: International Fanzine Front. Cascais.

17 junho 2025

Diário da Palavra

Diário da Palavra resulta de um estágio profissional realizado por Rodrigo Villalba entre Março e Abril de 2022 na Associação Chili Com Carne. Diariamente, era fornecida uma palavra ao autor para "activar a sua memória e os músculos da narração num formato simples (e velha guarda) que é a "tira humorística"."
Tivemos oportunidade de acompanhar diariamente o desenvolvimento deste trabalho através da publicação no blogue da Chili Com Carne das quarenta tiras produzidas por Rodrigo Villalba (não constam neste volume impresso, as tiras 39 e 40).
No geral, o esquema gráfico é relativamente conservador, preservando quatro quadrados por página, mas o estilo do traço e as técnicas utilizadas são muito diferenciadas, formando uma polifonia caleidoscópica de grafismos e cores.
A palavra que serviu de gatilho para cada uma das tiras nunca é desvendada, pelo que só podemos intuir que foram muito variadas (??kebab, peso, ressaca, lágrima, etc.), e que permitiram ao autor explorar uma grande polissemia de percursos estilísticos e de soluções narrativas, umas vezes de cariz mais autobiográfico, noutras sobressaindo o humor ou o comentário social. 
O programa seguido neste breve percurso académico, privilegiou o desafio diário e a descontinuidade, e também uma certa falta de coerência, e que facilmente poderia ter descambado no exibicionismo tecnicista. Mas o registo adoptado, a sinceridade e a humildade, associadas à qualidade geral dos trabalhos, levam-nos a concluir que este estágio profissional foi um grande triunfo na formação de um promissor novo autor.     
Diário da Palavra, Dezembro de 2022, 40 págs., impresso a cores, 14x14cm., Tiragem: 100 exemplares. Edição: Chili Com Carne [MdC #38].

15 junho 2025

Sobrevida

Sobrevida é uma publicação feita a meias entre Carlos Pinheiro e Nuno Sousa. A primeira parte, da responsabilidade de Carlos Pinheiro, apresenta-se em vinhetas a preto e branco, num desenho cheio de pormenores e de violência latente. A segunda parte, da autoria de Nuno Sousa, é composta por sequências desenhadas a lápis de cor. As relações entre as duas histórias são ambíguas e ricas em leituras a vários níveis. Sobrevida foi apresentado assim:
"Dizem que a Sobrevida é a existência - ou coisa parecida - de quem já não vive neste mundo, mas ainda não encontrou o seu rumo. Da vida real apenas conserva a semelhança. Alimenta-se das suas imagens (venera-as, são o seu amuleto), ronda-as em círculos a cada volta mais distantes do centro.
A Sobrevida, diz-se, é uma espécie de revivescência - sensação de vida.
Espíritos, espectros, almas penadas perseguem aquilo que já foram, podiam ter sido ou virão a ser (para sempre, nunca mais).
Diz-se que da Sobrevida apenas podemos conhecer aquilo que se conta. Diz-se muita coisa e tudo é insuficiente (ainda).
De qualquer forma, já cá não está quem falou."
Sobrevida, Junho de 2012, 60 págs, capa impressa a cores em cartolina Trucrad 240gr. com plástico mate; miolo impresso em offset sobre papel Munken Lynx/Pure 130gr., 16,5x23cm. Edição: Imprensa Canalha (IC #016).

12 junho 2025

Zinescopia

Zinescopia #2
Este número assinala o segundo percurso temporal e visual, disfuncional e errático, sobre a actividade da associação Sonoscopia durante os meses de Fevereiro e Março de 2022.
Nesse período, realizaram-se três sessões de Microvolumes com Sara Persico, Will Guthrie e de Emilie Skrijelj & Tom Malmendier.
Assinalam-se também as gravações perto de Pedroso durante a residência de Henrique Fernandes na Associação Fogo Lento. Em finais de Fevereiro, realizou-se o workshop de construção dos sintetizadores analógicos e digitais.
Destaque total para o concerto de Fred Frith & Susana Santos Silva e a oficina "Tuning People Birds and Flowers", ambas no âmbito da iniciativa "Cultura em Expansão".
As últimas páginas são dedicadas à culinária comunitária, com receitas e refeições confeccionadas pela cozinheira Catarina Lopes.
Zinescopia #2, Março de 2022, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,2x20,1cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Sonoscopia. Porto.

Zinescopia #9
O Zinescopia é o fanzine da associação portuense Sonoscopia, que se assume como um espaço de reflexão e criação, onde vários artistas relacionados com a música experimental, improvisada e electroacústica cruzam ideias e desenvolvem trabalhos consistentes num espaço físico com condições técnicas e humanas dignas. A Sonoscopia pretende criar uma dinâmica inclusiva tanto para o colectivo criativo da Sonoscopia, como para outros criadores locais e nacionais, facilitando as experiências internacionais.
O nono volume do Zinescopia procura traçar um percurso visual e temporal sobre alguma da actividade desenvolvida pela Sonoscopia durante os meses de Maio e Junho de 2023.
Com uma cuidada impressão gráfica, temos a oportunidade de rememorar os diversos eventos onde participaram os artistas ligados à Sonoscopia, bem como o registo fotográfico das actividades organizadas pela Associação, como concertos, edições, workshop, residências artísticas, etc.
Zinescopia #9, Julho de 2023, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,2x20,1cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Sonoscopia. Porto.

Zinescopia #10
O décimo número do Zinescopia cobre as actividades realizadas pela Associação Sonoscopia no período compreendido entre 01 de Julho e 20 de Setembro de 2023. Nesse espaço temporal estiveram em residência os  artistas Inês Luzio e Beatriz Rola e também Eric Mattson.
Realizaram-se diversos concertos e apresentações ao vivo de Stereoboy, Ece Canli, Heroins of Sound c/ Angélica Salvi, Ikue Mori e diversos eventos Microvolumes.
Como é habitual nos eventos organizados pela Sonoscopia, o convívio, a interacção e também a gastronomia assumem sempre um lugar de destaque.
Zinescopia #10, Outubro de 2023, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,2x20,1cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Sonoscopia. Porto.

10 junho 2025

Melancia Melancolia

Margarida Ferreira, a autora de Melancia Melancolia apresenta o fanzine como sendo “sobre o Verão, o fim do Verão e as melancias que ficarão para o ano que vem.”  A melancia é uma fruta característica do Verão, normalmente associada a calor, férias, dias intermináveis e divertimento.
Mas nesta publicação, a mulher em forma de fatia de melancia surge triste e insatisfeita, a viver uma fase de transição que não compreende muito bem - "é como estar a flutuar pela realidade sem a conseguir agarrar."
Apesar de tudo ainda existem momentos entusiasmantes e inspiracionais, mas são instantes que se extinguem em breves fogachos.
Entretanto, o tempo vai passando e os dias vão ficando mais pequenos e as melancias deixam de ser tão doces e frescas, mas não há outra alternativa que não seja seguir em frente, pois para o ano há mais.
Melancia Melancolia, Janeiro de 2017, 16 págs, impresso a duas cores, 14,4x20cm.

08 junho 2025

Zero

Apesar do reduzido número de páginas, o conteúdo deste Zero é bastante variado, pois as histórias tem apenas uma ou duas páginas. Os trabalhos publicados são essencialmente de autores clássicos como Windsor McKay, George Herriman com o "Krazy Kat", Gluyas Williams, H. M. Bateman com uma excelente pantomina intitulada "Um Dia na Vida do Homem de Uma Nota Só", e também uma tira "Sappo" de E.C. Segar.
Dos portugueses temos "Tico-Tico e Rebolinha" com texto de Madressilva e desenho de Madalena Colaço, uma pequena rábula com os personagens a serem apanhados a impingir óleo de fígado de bacalhau ao gato lá de casa.
"Diálogo" é uma conversa transcendente entre um menino e uma estrela que se cruzam casualmente e que vão batalhando verbalmente, percorrendo o caminho juntos e discutindo a existência de Deus.
A história "O Assalto" de J. Morim, tinha sido distinguida em 1988 num concurso promovido pela Unicer em torno da temática da cerveja.
Nota ainda para as pequenas histórias "Filipim" de Fernando Bento " e "Lili" de Artur Correia.
Zero #4, Fevereiro de 1991, 20 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Póvoa de Varzim.

04 junho 2025

Balance

Quando li Balance de João Carola pela primeira vez surgiram-me subtilmente ressonâncias do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick, talvez resultantes da associação entre as peças do jogo do livro e os planetas e satélites do filme, e a musicalidade intrínseca de ambas as composições visuais.
O mistério inexplicável que mantém os sistemas complexos num estranho equilíbrio e que garante o seu funcionamento, num movimento perpétuo sustentado por pesos e contrapesos, seguros por uma mão invisível e omnisciente.
Como num jogo interminável, com aleatório e fortuito a desconjuntar as melhores probabilidades, onde as leis da física e da mecânica ainda estão por enunciar, sobrevém uma força transcendental que vai movendo as peças sobre o tabuleiro, em lances precários e instáveis rumo à eternidade...
Balance, Maio de 2021, 16 págs., risografia a preto & branco; capa em cartão colorido, 14,9x21cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Carola.

30 maio 2025

Regresso ao Passado?

Em janeiro de 2006 ocorreram eleições presidenciais, apresentando-se como candidatos Cavaco Silva, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Jerónimo de Sousa, Manuel Alegre e Mário Soares (nesta altura, Tino de Rans ainda não ia a todas).
O candidato Francisco Louçã lançou uma pequena brochura contendo uma banda desenhada, mesclada com montagens fotográficas, da autoria de Nuno Saraiva, com a colaboração de Jorge Costa e de Miguel Reis.
Sobre esta curiosa publicação Geraldes Lino referiu o seguinte no blogue Divulgando BD: "Ora como personagem principal da bd surge Francisco Louçã, excelentemente caricaturizado, a contracenar com os restantes candidatos da altura, numas divertidas peripécias onde o táxi em que estes entram (Louçã, plebeiamente, vai de autocarro) tem a insólita capacidade de retroceder no tempo (talvez respeitando a opinião de alguns taxistas de que o tempo da outra senhora era bem melhor)."
A inspiração principal para esta banda desenhada presidencial é, obviamente, a famosa trilogia "Regresso ao Futuro" protagonizada por Michael J. Fox, mas aqui o candidato Louçã critica os seus adversários pelas acções e decisões tomadas no passado no exercício de cargos políticos, afirmando a sua diferença, assumindo-se como uma candidatura fresca e nova, enquanto os outros são caracterizados como representantes do passado = sistema.
Por isto, é altamente surpreendente o ressurgimento de Louçã, Luís Fazenda e Fernando Rosas nas recentes eleições legislativas, protagonizando eles próprios um verdadeiro "regresso ao passado"!
De volta à bd de 2006, o jovem Louçã surge a defender as mesmas ideias e causas que ainda hoje são as bandeiras do Bloco de Esquerda: ricos a pagarem impostos, aborto, liberalização das drogas leves, direitos dos imigrantes, homossexualidade, Palestina, trabalho com direitos, etc.
O Bloco pouco mudou nos últimos 20 anos. O país é que já não é o mesmo... 
Regresso ao Passado?, Dezembro de 2005, 16 págs, offset a cores, 14,5x20,5cm. Edição: Bloco de Esquerda.

28 maio 2025

Dentro do Caixão do Deathrock

Um fanzine dedicado a uma área musical relativamente inédita em Portugal - o estilo deathrock - anunciado como "a mistura do gótico com o punk em forma de terror, teatro e muita loucura".
Organizado como uma porta de entrada para o estilo em breves capítulos como "O que é o deathrock?", "A performance no deathrock", "O visual dos deathrockers", etc., ilustrados com diversas imagens fotográficas.
A página dedicada ao "Deathrock em Portugal" ajuda-nos a perceber que este estilo nunca teve muitos cultores no nosso país, apesar da existência de diversas bandas praticantes de estilos conexos como o psychobilly, gótico e punk. Anuncia-se o surgimento de novas bandas de deathrock como os portuenses "Os Ceifadores" ainda sem registos discográficos.
O fanzine termina com uma lista cronológica de "Bandas notáveis do deathrock", onde descobri uma série de bandas que desconhecia completamente como os "Gangue Morcego", "Eyaculation Post Mortem", os "Eat Your Make-Up", entre outras!
O autor do fanzine é o jovem Miguel Moreira, de quem se esperam novidades para breve, aprofundando e dando continuidade aos tópicos apenas aflorados neste fanzine.
Dentro do Caixão do Deathrock, Março de 2025, 12 págs, fotocópia a preto & branco, 14,8x21cm. Porto.

26 maio 2025

La Dolce Vita

 
La Dolce Vita é uma curta história cheia de mistério e suspense desenhada por Sama. Devido a uma mensagem encontrada no rótulo de uma lata de comida exposta na prateleira de um supermercado, a protagonista decide mudar tudo na sua vida. Assistimos a uma reviravolta completa na vida nada doce de uma mulher gorda, infeliz e violentada fisicamente pelo seu companheiro.
A mensagem transformadora nunca é desvendada, funcionando como gatilho ficcional que desencadeia uma sequência imparável de acontecimentos, que terminam na descoberta de uma nova mensagem misteriosa lida numa lápide do cemitério.
La Dolce Vita, 2014, 16 págs, offset a preto & branco; capa a cores, 17,5x24cm. Porto.

22 maio 2025

Olímpico

Entre os anos de 2003 e 2006, o salão de bilhares Café Olímpico, situado na Rua Miguel Bombarda, no Porto, constituiu um sólido projecto de realização de eventos e exposições de artes plásticas. "Muitos artistas por lá passaram, definindo a identidade de um projecto inovador, comissariado por Carla Filipe, Eduardo Matos, Isabel Ribeiro, Renato Ferrão e Rui Ribeiro. Todos artistas plásticos recém-licenciados pela Faculdade de Belas Artes do Porto, com excepção do último, Rui Ribeiro, formado em Economia e autor de vários textos de reflexão e crítica de artes plásticas."
"O Olímpico define-se como um lugar de confluência de ideias e propostas de soluções, estéticas e plásticas, onde se esperam colaborações. E surgiram bastantes nos três anos que durou o projecto, durante os quais as exposições se sucediam de mês a mês." (citações de "Os Fanzines no Porto, Hoje", por Marco Mendes, texto inserido no livro antológico "Salão Olímpico 2003/2006").
O fanzine Olímpico reúne várias contribuições de diversos autores: desenhos e ilustrações de Carla Filipe, Renato Ferrão, Ângelo Ferreira de Sousa. Há também uma banda desenhada "Le Nouveau Western" com argumento de Eduardo Matos e desenho de Bruno Silva, diversos ensaios sobre arte moderna, cultura visual, espaços expositivos, públicos, economia e sociedade, escritos por Sandra Vieira, Fernando José Pereira, Nuno Sacramento e João Sousa Cardoso.
Nas páginas centrais, é apresentada uma fotomontagem "He Ken Sings!", em jeito de cartaz de concerto, da autoria de Paulo Mendes.
O fanzine reproduz ainda diversas imagens que documentam exposições e eventos passados no Salão Olímpico, bem como pequenas apresentações do trabalho de jovens artistas que estavam a despontar naqueles anos, ressaltando um grande sentido colaborativo e espírito de comunidade.
O design gráfico do fanzine ficou a cargo de Ricardo Lafuente e a capa reproduz o excelente trabalho "Dillinger, Inimigo Público n.º 1" de Pedro Amaral.
Olímpico #0, Junho de 2003, 36 págs, offset a preto & branco, 14,8x21cm. Tiragem: 500 exemplares. Porto.

19 maio 2025

Fui à Feia Parangona

 
Em nota a esta edição, o autor informa que visitou a feira de auto-edição "Feia Parangona" num sábado, dia 07 de Dezembro e que elaborou a banda desenhada nos dias seguintes. 
A feira "Feia Parangona" é o resultado da união de duas feiras - a "Feia" dedicada a artefactos sonoros; e a "Parangona" mais dedicada a edições gráficas.
Fui à Feia Parangona é o relato pessoal de TETRATELES sobre a sua visita à feira. Nota-se uma certa leveza e descontração, assumindo um registo impressionista e relativamente improvisado. Sobressaem pequenos apontamentos sobre o material exposto nas bancas (fanzines, cartazes, prints, carimbos, e outra parafernália impressa) e principalmente os encontros ocasionais com pessoas conhecidas. Os reencontros são muito frequentes neste tipo de feiras, onde os autores vão à procura do seu público e os interessados em busca de novidades. Invariavelmente, num meio pequeno como o português, há uma certa previsibilidade e uma cena alternativa quase paroquial (- Pois, isto é uma sanita!).
Em território nacional, não são muito comuns as publicações sobre a participação ou visita a eventos, exceptuando talvez o Fui ao Evento de Anime de Daniela Viçoso, e também parte substancial do trabalho de Marcos Farrajota.
Fui à Feia Parangona, Dezembro de 2024, 24 págs, impresso a preto & branco; capa em cartão craft, 13,8x19,5cm.

16 maio 2025

Jovem

Os temas abordados neste número vão dos jogos eletrónicos (referência para o "Perfect Dark"), ao cinema ("O Homem na Lua" e "Uma Vida a Dois") e ao humor (anedotas, frases poéticas, adivinhas patéticas, cartoons, etc.).
Continua a publicação da "BD Monster" da autoria de Pedro Cardoso.
Mas o grande destaque é a Semana Académica da Universidade do Minho. E é extraordinário constatar como as coisas mudaram nos últimos 25 anos! Na programação das festas académicas do ano 2000, pontificavam artistas e bandas estrangeiras como os Violent Femmes, Lloyd Cole e Gene Loves Jezebel. No palco principal, destacavam-se as bandas nacionais GNR, Blind Zero, Mind Da Gap, Turbojunkie e Phase.
No palco secundário, ao estilo dos festivais de verão, passaram bandas como Um Zero Amarelo, Atomic Bees, Caffeine, Blow That Jazz, Buena, Hipnótica, No Shine e os Slamo.
Ou seja, um cartaz composto por bandas estrangeiras já um pouco requentadas e bandas nacionais da área do rock; as novas bandas emergentes também eram praticantes de sonoridades pop/rock.
Olhando para o cartaz da Semana Académica 2025, vemos praticamente apenas bandas e artistas nacionais como Plutónio, Dillaz, Papillon, Van Zee, Deejay Telio, Capitão Fausto, Beatriz Rosário e os brasileiros Jovem Dionisio. Nota-se igualmente que o hip-hop assumiu o protagonismo quase total, relegando o rock para um plano muito secundário.
No meio de todas estas transformações sociológicas e de gostos musicais ocorridas nos últimos 25 anos, apenas uma coisa se mantém inalterada: - Quim Barreiros permanece como rei e senhor das quartas-feiras académicas!

Jovem #2 (2.ª Série), Maio de 2000, 16 págs., fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 20 exemplares. Braga.

14 maio 2025

Espetros Livres

 
Espetros Livres apresenta-se numa folha de tamanho A3, com um corte horizontal na parte central, que permite uma dobragem engenhosa de 8 páginas em formato A6. Existem duas edições diferentes: - uma edição impressa a cores; e outra, impressa a preto e branco.
Os espetros presentes neste trabalho da autoria de Phermad são entidades misteriosas que vivem ocultas na floresta.
Trata-se de uma banda desenhada sobre banda desenhada, jogando, de forma lúdica, com os próprios códigos e linguagens, questionando a todo o tempo a sua identidade enquanto género e valorizando, acima de tudo, a liberdade de expressão.
Espetros Livres, Outubro de 2024, 8 págs., impressão a cores / preto & branco; 10,5x15cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Dr. Makete.

12 maio 2025

Bark!

Bark! #2
A primeira bd é "A Luz", da autoria de Nuno Pereira, narrando uma busca inglória guiada por Deus. Do mesmo autor, mas num estilo completamente diferente, segue-se uma "Reflexão" sobre a vida e as consequências dos nossos actos.
Nuno Pereira contribui ainda com diversas ilustrações, incluindo uma de Nick Cave, um texto delirante sobre o "Quotidiano de um Polícia" e também trabalhos gráficos variados.
Depois, algumas ilustrações de Tiago Jácome Mendes, seguidas da banda desenhada "A Ilusão de Ser Inútil".
Jorge Pedro Ferreira publica textos curtos, questionários inventados e uma notável "Arte dos Poemas Simples": "Depois de fazer / Um poema / Agite-o, / Para que todos / Os acessórios / Caiam."
"Miragem" e "Marco do Correio" são duas histórias escritas por Sandro Ferreira.
Termina com ilustrações de Nuno Carvalho e com a pertinente sugestão: - Não vá de avião, vá de Bark!
Bark! #2, 1999, 54 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tomar.

Bark! #3
A primeira metade do Bark! é preenchida com desenhos de Nuno Pereira. A primeira sequência está assombrada pela fome e pela impossibilidade de a saciar. A segunda sequência de desenhos, ainda mais dura, com sexo, cães e bonecas. Depois, surge uma página dupla que parece retirada de um folheto das Testemunhas de Jeová com um texto intitulado "Quanto Tempo Resta aos Iníquos?".
A segunda metade do fanzine abre com banda desenhada avulsa de Tiago Jácome Mendes. Seguem-se outros trabalhos fotocopiados e manipulados pelo mesmo autor.
Jorge Pedro Ferreira contribui com grafismos e textos curtos e incisivos. O logotipo da Converse All-Star é manipulado por Isabel Paiva, desfocando-o e introduzindo texto no centro da estrela.
"Terra, 1999" é o título do texto de Mário Augusto desencantado e apocalíptico.
Ivo Daniel apresenta uma banda desenhada negra e sombria repleta de solidão e morte.
As últimas páginas são dedicadas a desenhos de Jorge "Sino" e de Bruno Valter.
A edição e paginação ficou a cargo de Nuno Pereira e Tiago Jácome Mendes, que agradecem o apoio do Núcleo de BD da Universidade de Aveiro.
Bark! #3, 1999, 44 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tomar.

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