12 janeiro 2025

LX Comics

LX Comics #1
Revista trimestral dirigida por Renato Abreu e João Paulo Cotrim. Neste primeiro número, apresenta na rúbrica Vinhetas um conjunto de resenhas aos seguintes fanzines: Dossier Top Secret #32, Eros #7, Fandaventuras #2, Comic Cala-te #1, Hips! #1, Cruzeiro do Sul #4, Banda #11/12.
Segue-se uma prancha clássica do norte-americano Cliff Sterret, com diversos apontamentos escritos por Pedro Vasco Saúde.
Depois, "O Manuscrito do Pianista Louco" uma bd em estilo mistério policial, atravessada pelo mito de Orpheu, muito bem gizada por Jorge Mateus, que também assina a capa.
José Manuel Morais publica o texto "A Vida é Sonho". A bd "Um Anjo na Terra" de José Bandeira sobre a descoberta do mistério do sexo dos anjos e a queda em tentação dos mesmos.
"O Circo" de Maria João Worm, fantasia sonhadora envolvendo os bichos e a vida errante da caravana circense, enquanto a personagem devaneia pela cidade e sobe ao alto do farol, tomando consciência que o circo não regressa mais à cidade.
Depois do sonho, a trip drogada de "Flash" de Filipe Abranches, a embriaguez de álcool, misturada com a lambidela do selo de ecstasy, o estado alterado e delirante, uma hipotética violação e a chantagem no dia seguinte.
Nuno Saraiva publica a bd "É Louco", ambientada num mundo em que todos são loucos e os mais sãos têm que fingir que são dementes para escapar ao cárcere. Fuga e deambulação em passo de corrida pelas ruas lisboetas, acabando caído num túnel do metro. 
A participação internacional fica a cargo do galego Miguelanxo Prado com a bd "Sensações" um fragmento da Enciclopédia Délfica, em tom de distopia futurista.
A finalizar, Pedro Burgos com "Curso Abreviadinho de BD", explicitando tudo o que um pretendente a autor de bd deve saber.
LX Comics #1, Primavera de 1990, 52 págs, impressão a cores, capa em papel Duna 120g; miolo em 80g., 22x31,9cm. Edição: MFCR, Lda. Lisboa.

LX Comics #2
Uma capa extraordinária. Recordo-me perfeitamente de a ver pendurada na montra do quiosque e sobressaia distintamente ao lado das outras revistas. O conteúdo do segundo LX Comics procura consolidar a publicação de uma banda desenhada moderna e cosmopolita, sintonizada com o que se editava na Europa, do novo Portugal na CEE.
Verifica-se um aumento do número de colaboradores relativamente ao número inaugural, reincindo alguns autores, mas acrescentando novos valores e coisa rara, algumas mulheres!
A abrir, a cantiga "Ó Ti Alves" de Zeca Afonso, ilustrada por João Lucas. Segue-se a rúbrica "Prosas do Observatório", onde João Paulo Cotrim acompanha e relata diversos acontecimentos e iniciativas ligadas à banda desenhada.
Depois Filipe Abranches apresenta 
"Amélia" num preto e branco nocturno e experimentalista, uma correria mesclando a tradição afadistada com a fantasia delirante e futurista. A capa é dele.
"Ladislau, ao serviço da pátria Babongo" é Nuno Saraiva a criar uma bd noir, com as atrocidades cometidas na guerra colonial como pano de fundo.
Uma nova prancha de João Lucas "As Angústias de Cininha". Nazaré Álvares apresenta "British Boys (encontro em câmara lenta e com cortes de som)", uma bd ambientada num clube académico masculino na Universidade de Oxford... Coisas de rapazes.
Com texto de José M. Morais e desenho de Jorge Mateus, regressa Vladimiro para desvendar o mistério de "O Quinto Dedo".
Mimi apresenta "Capricho dos Deuses", com vinhetas desenhadas a lápis de cera (ou pastel), onde os diversos personagens deambulam pelo casino de Malibu Beach.
Fernanda Fragateiro contribui com uma suave ilustração naturalista. Depois, um texto animista, cheio de misticismo e magia africana "Chá Doce de Chinhambanine", por Manuela Sousa Lobo.
"A Noite e a Sombra", uma noite pintada com os tons carregados de negro e de poesia por Maria João Worm.
Diniz Conefrey apresenta "Avé Marias Rap" uma sequência de recortes, colagens e recontextualizações, com texto em inglês e português, dando voltas e reviravoltas à sagrada iconografia nacional para turista apreciar.
"Fanzinar", uma coluna assinada por Cotrim destacando algumas publicações como Wampir Hematófago, O Moscardo e divulgando os contactos de diversos fanzines em publicação.
"Aficción" de Zepe, com rebuscados diálogos recheados de jargão tauromáquico homoerótico, seja lá o que isto quer dizer.
A terminar, "El Xis" com um inspector de finanças a passar a pente fino a contabilidade de um desenhador de bd, com promessa de continuação por José Bandeira. 
LX Comics #2, Outono de 1990, 52 págs, impressão a cores, capa em papel Duna 120g; miolo em 80g., 22x31,9cm. Edição: MFCR, Lda. Lisboa.

LX Comics #3
As primeiras páginas são dedicadas às "Prosas do Observatório" de João Paulo Cotrim, desfiando um conjunto abrangente de notícias e algumas resenhas breves a fanzines (KO&SAS, Comic Cala-te e O Búlgaro).
O terceiro número de LX Comics reúne um conjunto soberbo de autores portugueses apresentando histórias curtas, umas mais experimentais, outras poéticas, outras ainda repletas de fantasiosa imaginação.
A primeira bd é "Ladislau, Livre Indirecto" um pretexto para Nuno Saraiva entrecruzar as misérias económicas e sociais com o pontapé na bola.
"Gulf Stream" de Fernando Relvas, surpreende o jornalista Carlos com a chegada de Mort O'Gulf e Billies O'Fell e o mês de Janeiro nunca mais será o mesmo.
Segue-se "Arena" com Renato Abreu num registo nocturno e cubista. Depois, Diniz Conefrey conta "Histórias de Família".
"Postais Nocturnos" em tons azuis, compõem duas belas pranchas de Fernando Martins e Carlos Martins. Com texto de José Eduardo Arimateia e desenho de Alice Geirinhas, apresentam-nos um registo diarístico em estilo pop colorido.
Uma prancha composta ao som solitário do trompete é a proposta de Mimi. Logo a seguir, Maria João Worm apropria-se de um poema de Attila Jozsef.
Renato Godinho sonha um pássaro colorido, envolto num tédio a preto e branco.
"Música de Cegos" é um delirante texto de Ernesto Rodrigues, derivando em redor da Torre de Dona Chama.
A chuva e o diabo entretidos a observarem um cargueiro que atraca no porto de Anvers na Bélgica, e a decidirem qual a sorte dos marujos que se perdem em terra firme, pelo traço de 
Alain Corbel.
"Nocturno Para Voz e Celesta" desfiando a magia sonhadora do desenho de Filipe Abranches, apoiado no texto de Paulo Raposo.
Voltando aos navios, aos favores de Neptuno e ao som das gaivotas, uma história com sabor a desejo e maresia, composta através do negrume do traço de André Lemos.
Há ainda pranchas de Zepe com "El Xis" fiscal das finanças, João Lucas e também de Perdigão.
LX Comics #3,
 Inverno de 1991, 52 págs, impressão a cores, capa em papel Duna 120g; miolo em 80g., 22x31,9cm. Edição: MFCR, Lda. Lisboa.

LX Comics #4
Derradeiro número de LX Comics ao cabo de um ano e quatro edições. No editorial, João Paulo Cotrim questiona: "a LX Comics serviu para alguma coisa? Soube ler o momento e cumprir o movimento?".
De todo o modo, este é um número de continuidade , mas eventualmente à procura de novos caminhos. As páginas iniciais são dedicadas a notícias sobre concursos, salões e exposições de banda desenhada. No observatório, são alinhavadas inúmeras resenhas a novas edições de álbuns em Portugal, Espanha e França.
Jorge Varanda apresenta "As Aventuras de Florindinha" narrando a história da costureira Florindinha, cujo quotidiano banal é abalado por aparições libidinosas de Clark Gable. No final, outro famoso Clark irrompe na vida de Florindinha.
Segue-se uma bd de Luis Louro, com três pranchas onde o feitiço da Lua acomete os noctívagos lisboetas.
"Histórias de Família" de Diniz Conefrey é um mergulho profundo numa família estilhaçada, em expectativas desfeitas e no fim de uma certa inocência juvenil, rumo ao caminho da perdição. Excelente na grande variedade de recursos estilísticos utilizados.
Rufino, obeso e com problemas cardíacos, é o personagem principal de "A Minha Obsessão" de Andrés Fortes, que acaba por sucumbir à sua obsessão sexual, fantasiando sexo à bruta com as mulheres com quem se vai cruzando.
Nuno Saraiva dá continuidade a cores às aventuras de Ladislau pelas noites lisboetas no âmbito de um concurso para encontrar o porteiro de bar mais antipático.
João Ventura publica o texto "Bonecas Russas" com ilustrações de Maria João Worm.
Na rúbrica "Fanzinar", João Paulo Cotrim refere os fanzines Eros e Pintor & Meio, e também o italiano Schizzo.
Alain Corbel apresenta um conjunto de três pranchas numa digressão livre sobre determinadas ideias do que pode ser Portugal.
Também regressa Vladimiro de Jorge Mateus, para uma rocambolesca história com encomendas secretas e loiras renascidas da guerra civil espanhola.
A fechar "El Xis" de Pedro Burgos misturando fiscais das finanças com tartafufas ninja, tudo numa página apenas!
LX Comics #4, Verão de 1991, 52 págs, impressão a cores, capa em papel Duna 120g; miolo em 80g., 22x31,9cm. Edição: MFCR, Lda. Lisboa.

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