Inner Math / Megafauna
Inner Math / Megafauna é um flipzine com duas partes: - Inner Math escrita por João Machado e desenhada por André Pereira e Megafauna da autoria de André Pereira. Ambas as histórias foram criadas durante o segundo semestre de 2012 entre Lisboa e a Figueira da Foz.
O fanzine foi lançado a 15 de Dezembro, 2012, na XXI Feira Laica. Consta que foi realizada uma segunda tiragem de 30 exemplares por ocasião da I Feira Morta (Julho de 2013).
Pedro Moura escreveu o seguinte no blogue LerBD sobre esta publicação: "Por um lado, temos “Inner Math”, uma história escrita (em inglês) por João Machado e desenhada por André Pereira, que nos lança numa aventura num futuro distante, que envolve cidades cujos edifícios ultrapassam a troposfera, sistemas de comunicação rodoviária monumentais, estruturas de habitação ultratecnológicas, e, pela distância imaginada, um sistema cultural totalmente estranho ao leitor contemporâneo (nesse sentido, recorda aquelas descrições que Alan Moore fazia de Rann na saga do Monstro do Pântano, ou a escrita de Brandon Graham para Prophet). Vemos uma personagem, de armadura e “skate” voador, a atravessar estas paragens, ao mesmo tempo que um narrador, que tanto se pode estar a dirigir ao leitor como ao protagonista, de tão líquido e fugaz que é o “you”… Um confronto final, e quase inesperado, faz a narrativa chegar a uma possível resolução, mas não é mais do que um embate com a linha conclusiva da outra história. “Megafauna”, por sua vez, foi criada por Pereira, a solo, e não tem qualquer texto. O que vemos parece ser um momento nos primórdios dos seres humanos (Neanderthais?), e um estranho ritual mágico, que implica a decepagem de um recém-nascido, e a adoração de um mamute caído, cujas presas se levantam como uma lua, que o céu ostenta. Estes elementos “electrificam-se” e daí nasce um outro conflito, que multiplica os corpos e liberta uma espécie de ser divino, mescla de mamute, humano, Kali e Ganesha e Novos Deuses (Kirby). Há portanto aqui um encontro entre uma linha no passado distante e outra no distante futuro, que poderá recordar as fórmulas contidas em Final Crisis, de Morrison, que beberão das mesmas fontes (Kirby), mas que encontram neste zine uma destilação através de estratégias mais experimentais. Se há algo em comum nestas duas histórias talvez seja mesmo aquela estranheza a que aludimos. As mais das vezes, as ficções criadas em tempos afastados do nosso, seja em que direcção for, preferem sempre um qualquer grau de segurança pelo tratamento do comum e da familiaridade, mas é difícil crer que ela pudesse existir. Pereira e Machado optam antes por, através de estratégias poéticas – quer a nível da linguagem, que se afasta do coloquial, quer a nível das imagens, cujas opções compositivas e de sinais simbólicos da banda desenhada exploram formas pouco convencionais – sublinhar essa estranheza e fazer colidir ambas as linhas. André Pereira é detentor de uma abordagem figurativa de uma fluidez muito tranquila, misturando pequenos modos de moldar as expressões das suas personagens no rosto e nos corpos, e segue algumas das potencialidades criadas por autores usualmente associados a um certo psicadelismo, de Isabel Lobinho a Jim Starlin, patente nas formas dos objectos, edifícios, cidades, nos emanata (raios, balões preenchidos com símbolos indescortináveis, projecções de energia, linhas de electricidade) até ao nível da composição, com significativos esquemas de passagem entre vinhetas aparentados a infografia, e a um uso de películas transparentes que ofertam uma ideia de densidade textural e nivelação matéria a todas as imagens (cujos efeitos, num momento ou outro, são significativos em termos da acção representada)."
Inner Math / Megafauna, Dezembro de 2012, 40 págs., impressão digital a preto & branco, 14,2x19,8cm. Tiragem: 20 exemplares. Edição: Clube do Inferno. Lisboa.
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