Colecção Toupeira
Colecção Toupeira #1 - Bófias
Bófias é uma banda desenhada da autoria de Véte e inaugura a Colecção Toupeira editada pela Bedeteca de Beja. A história segue dois detectives que têm em mãos um caso de assassinato doméstico cometido com múltiplas facadas. As investigações seguem o rumo habitual, com visitas ao local do crime, inquirição de testemunhas, mas não são minimamente conclusivas, pois não encontram nem um motivo nem a arma do crime.
Os intervenientes nesta história são um pouco caricaturados, desde os respetivos nomes e traços fisionómicos, até aos diálogos que se estabelecem na esquadra de polícia e com as testemunhas.
Os outros bófias estão sistematicamente a gozar com os colegas que investigam o crime, embora estes não se deixem afectar pela chacota geral e acabam por conseguir uma nova pista que os conduz a um amigo vizinho da vitima. Prende-se o suspeito, mas aparentemente o caso não fica definitivamente encerrado, pois ainda há contas a acertar...
Bófias, Abril de 2005, 20 págs, impressão a preto & branco; capa com segunda cor, 17x24cm., Tiragem: 500 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #2 -
Colecção Toupeira #3 - La Bellête
Colecção Toupeira #2 -
Colecção Toupeira #3 - La Bellête
Sobre o terceiro número da Colecção Toupeira, magnificamente desenhado por Pedro Rocha Nogueira, escreveu-se o seguinte no blogue da Chili Com Carne: "A poesia reina por estas páginas... Tal como reina em La Bellête, segundo livro de Pedro Rocha Nogueira - o primeiro tinha sido o Lx Comics "Dumb Angel (dumb me)". Do primeiro para o segundo, o autor refina o grafismo, aumentando-lhe a complexidade do traço, mais texturas e mais contrastes. O texto continua hermético e quase que cosmogónico mas sente-se melhorias imensas - realmente a Lx Comics servia a sua função de "primeiro livro"."
La Bellête, Maio de 2007, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #4 - A Carga
Colecção Toupeira #4 - A Carga
A Carga narra a lenda dos corvos de S. Vicente, começando nos tempos da ocupação da Península Ibérica pelos mouros e na viagem empreendida pelos cristãos de Valência para salvaguardar os restos mortais do mártir S. Vicente, levando-os para as Astúrias, que era a única região que ainda permanecia cristã.
A lenda dos corvos de S. Vicente é adoptada na sua forma canónica, mas sem nunca nomear S. Vicente, referindo-se a ele apenas como o santo. Com o desenvolvimento da narrativa / fuga, a abordagem dos piratas, o navio encalhado na costa do Algarve, a viagem que se interrompe indefinidamente, o estabelecimento dos cristãos no Algarve, a vingança dos mouros, o posterior resgate das relíquias e a viagem de navio para Lisboa, sempre acompanhado por dois corvos.
Susa Monteiro adopta uma lenda sobejamente conhecida, com uma abordagem visual muito bem conseguida, vertida num desenho magistralmente sombrio, alcançando assim uma perspectiva surpreendente sobre uma história deveras extraordinária.
Susa Monteiro adopta uma lenda sobejamente conhecida, com uma abordagem visual muito bem conseguida, vertida num desenho magistralmente sombrio, alcançando assim uma perspectiva surpreendente sobre uma história deveras extraordinária.
A Carga, Maio de 2008, 20 págs, impressão a preto & branco; capa com segunda cor, 20,2x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #5 -
Colecção Toupeira #6 - Há Sempre um Eléctrico que Espera por Mim
Colecção Toupeira #5 -
Colecção Toupeira #6 - Há Sempre um Eléctrico que Espera por Mim
Escrita por André Oliveira e desenhada por Maria João Careto, a história de "Há Sempre um Eléctrico que Espera por Mim" situa-se num tempo pré-25 de Abril, sendo atravessada em vários momentos pela letra da música "E Depois do Adeus" imortalizada por Paulo de Carvalho.
Vários tempos e planos entrecruzam-se simultaneamente e vamos acompanhando as desventuras do tipógrafo Guilherme Ferreira, portador de um segredo muito importante. Perseguido e torturado pela polícia política, Guilherme é salvo no último instante por Filomena, escapando da mãos PIDE e acabam escondidos num refúgio que acolhe diversos exilados da ditadura.
Vários tempos e planos entrecruzam-se simultaneamente e vamos acompanhando as desventuras do tipógrafo Guilherme Ferreira, portador de um segredo muito importante. Perseguido e torturado pela polícia política, Guilherme é salvo no último instante por Filomena, escapando da mãos PIDE e acabam escondidos num refúgio que acolhe diversos exilados da ditadura.
O segredo pelo qual Guilherme está disposto a dar a vida, é a senha que dará inicio à revolução e que tem que ser comunicada ao contacto no interior da Emissora Nacional... O resto da história toda a gente conhece e aconteça o que acontecer, há sempre um eléctrico que espera por mim.
Há Sempre um Eléctrico que Espera por Mim, Maio de 2010, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x22,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #7 - Ouro Formigas
Colecção Toupeira #7 - Ouro Formigas
Ouro Formigas reúne duas bandas desenhadas da autoria de André Ferreira. A primeira bd intitulada "Ouro" carrega a ansiedade provocada pela semana de trabalho que se aproxima e a pergunta que está sempre no ar "onde está o ouro?". O desenho funciona como um escape, mas também aqui está presente a ansiedade para encontrar o ouro. O trabalho de arqueólogo, como o do garimpeiro, sempre à cata de descobrir algum "ouro".
A segunda bd "Formigas", relaciona o mundo subterrâneo das formigas, com as escavações arqueológicas (a profissão do autor). O labor contínuo, a distribuição comum de tarefas, os túneis subterrâneos, os esforços partilhados para atingir o objectivo, enfim, um trabalho de formiga.
O facto da edição ser impressa a preto & branco, acaba por diminuir o impacto dos desenhos, originalmente coloridos.
O facto da edição ser impressa a preto & branco, acaba por diminuir o impacto dos desenhos, originalmente coloridos.
Ouro Formigas, Maio de 2013, 24 págs, impressão a preto & branco, 16,9x24,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #8 - Purgatório
Colecção Toupeira #8 - Purgatório
Publicação resultante da atribuição do Prémio Geraldes Lino 2015, "Purgatório" compila 5 bandas desenhadas curtas de André Pacheco.
Com um grande domínio técnico do desenho e da composição gráfica, o estilo varia bastante de uma história para a seguinte. A primeira "Geo.Neo.Lógicos" sugere uma história alternativa para o surgimento dos hominídeos, resultante da cópula de um visitante extraterrestre com uma ovelha terrestre.
Segue-se "Homem Chuva" com uma nuvem carregada de chuva sempre por cima da cabeça. Depois, a BD "Incoerências" sobre as divagações de um jovem enquanto lê sentado na retrete.
"Percepção" permite ao autor trabalhar e experimentar com a luz e a escuridão, os contrastes entre o branco e o negro.
Para terminar, a BD "Terra Lida", com argumento de André Bernardo, acompanhando os pensamentos de um homem pelas ruas, cafés e outros lugares de Sines.
Purgatório, Maio de 2015, 24 págs, impressão a preto & branco, 18x25,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #9 - Imagem Viagem
Colecção Toupeira #9 - Imagem Viagem
Foi atribuído a Tiago Baptista o Prémio Geraldes Lino 2016 da Bedeteca de Beja. Em "Imagem Viagem", somos levados para o interior de um mundo onírico, primordial, como as cavernas primitivas onde o jogo de sombras desenhadas pela luz da fogueira, despertava a imaginação e o desenho rupestre. A infância e os jogos lúdicos de fazer de conta, pela mão de Alice e novamente as sombras - o teatro de sombras e os primórdios do cinema. O olho que espreita, curioso.
A angústia da artista perante a tela em branco e a espera pelas musas inspiradoras, que tardam em surgir. Novamente o artista como centro das atenções, qual número de circo, mas um circo sem emoção, de gestos lentos, quase parado.
A escuridão novamente. De repente, uma chama e a caverna fica de novo iluminada, a centelha desperta os seres das trevas que temem a luz e os quadros sucedem-se como numa peça de teatro mudo, a ilusão prestes a perder-se, e por fim um mergulho redentor.
Imagem Viagem, Maio de 2016, 24 págs, impressão a preto & branco, 18x25,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #10 - Bizarras
Colecção Toupeira #10 - Bizarras
Publicação resultante da atribuição do Prémio Geraldes Lino 2017, "Bizarras" compila um conjunto de 8 bandas desenhadas curtas de Sofia Neto. Cada bandas desenhada é constituída por duas pranchas e apenas a última possui texto / diálogos.
As histórias são, de facto, bastante bizarras e a utilização dos sombreados reforça a sensação de estranheza e de mistério.
Partindo de situações aparentemente normais, embrenhadas nas rotinas do quotidiano comum, como fazer compras, tomar café, ir ao ginásio, passear, etc., - de repente, por efeito de um elemento perturbador, sentimos um distúrbio, uma passagem para uma outra dimensão, um abalo súbito que nos remete para um universo paralelo e inextricável.
Partindo de situações aparentemente normais, embrenhadas nas rotinas do quotidiano comum, como fazer compras, tomar café, ir ao ginásio, passear, etc., - de repente, por efeito de um elemento perturbador, sentimos um distúrbio, uma passagem para uma outra dimensão, um abalo súbito que nos remete para um universo paralelo e inextricável.
Bizarras, Maio de 2017, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x24,1cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #11 - Certo Senhor, Tijoleiro, de Seu Nome
Colecção Toupeira #11 - Certo Senhor, Tijoleiro, de Seu Nome
O volume "Certo Senhor, Tijoleiro, de Seu Nome", da autoria de Luís Guerreiro, é baseado num conto de Hermann Hesse. A banda desenhada é ambientada numa época de tipo vitoriano, o Senhor Tijoleiro, é um homem comum, indistinguível no meio da multidão. Num dia de ócio e encontrando-se entediado e sozinho, o Sr. Tijoleiro faz planos para visitar o Museu e o Jardim Zoológico.
Numa das salas do Museu, dedicada às artes negras da Idade Média, inadvertidamente agarra numa espécie de pílula e depois de sair do Museu acaba por ingeri-la.
Na visita ao Zoo, toma consciência que consegue perceber as "vozes" dos animais e o que se segue deixa-o completamente atormentado.
O desenho desta adaptação é altamente estilizado e de grande elegância formal.
É também publicada a banda desenhada "Vidas Com Valor", narrando um dia de trabalho de um caixeiro viajante pelas terras interiores do Baixo Alentejo, visitando os seus clientes octogenários e o relacionamento de familiaridade que tem com eles. Esta BD espelha a solidão e o envelhecimento da população alentejana, mas também uma grande sensibilidade e simpatia com as personagens.
O estilo gráfico é completamente diferente, menos elaborado, do que o da BD anterior.
O estilo gráfico é completamente diferente, menos elaborado, do que o da BD anterior.
Certo Senhor, Tijoleiro, de Seu Nome, Maio de 2018, 16 págs, impressão a preto & branco, 18x25,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #12 - Pêra Verde
Colecção Toupeira #12 - Pêra Verde
A Bedeteca de Beja atribuiu a Patrícia Guimarães o Prémio Geraldes Lino 2019, e publicou este excelente "Pêra Verde" na Colecção Toupeira. A história tem uma grande força telúrica, condimentada com um travo autobiográfico reminiscente da infância. O Sol na cara, as férias grandes de Verão, o cheiro doce da fruta arrancada das árvores, o terço na Rádio Renascença ouvido ao entardecer na companhia da avó, o cheiro a mijo, a doença, a morte... O ciclo da estações, a família, o tempo que passa, as recordações que permanecem bem presentes na memória, a vida que continua naturalmente, mas nada volta a ser o que já foi.
Pêra Verde, Maio de 2019, 20 págs, impressão a preto & branco, 18x25,5cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #13 - Sufoco
Colecção Toupeira #15 -
Colecção Toupeira #16 - Epígono
Colecção Toupeira #13 - Sufoco
O Sufoco de Bárbara Lopes é aquele aperto que insidiosamente vai tomando conta dos nossos dias e que chamamos de rotina. Os sonhos e os projectos idealizados que gradualmente vão sendo esquecidos no rodopio dos afazeres profissionais e familiares.
O tempo vai passando e a sensação de sufoco vai aumentando até se tornar insustentável. Há escolhas que têm que ser feitas e atitudes que têm que ser assumidas para a vida voltar a ganhar algum ar. A alegria, a liberdade, a ilusão até ao próximo sufoco.
Bárbara Lopes afirmou que este Sufoco "é, como outros fanzines meus, um escape. Quando o Paulo Monteiro me pediu uma história para a Coleção Toupeira, pensei que seria apropriado fazer algo à volta do stress da Pandemia. Por outro lado, achei que já estamos todos fartos desse tema, por isso peguei na experiência de trabalho que tive durante a primeira metade do ano, cheia de incertezas e contradições, e tentei dar liberdade suficiente ao texto para que, quem quisesse ler alguns sentimentos despoletados pelo período de confinamento, poderia muito bem fazê-lo. No final de contas, uma rotina forçada torna-se sempre desconfortável, seja apenas na esfera profissional ou no dia-a-dia, e todos sentimos na pele, uns mais que outros, a privação de vida social e a sensação de não poder “respirar livremente” presente nestes últimos dois anos. No caso do meu episódio (não chega propriamente a ser uma história), tentei transmitir o peso, o controlo e o desalinhamento de ideais que senti nesse ambiente laboral. Nas últimas pranchas, apesar do acto de liberdade que sucede, há também um reconhecimento de impotência do mesmo e uma aceitação do ciclo de sufoco e respiração constante, pois haverá sempre uma rotina e uma crescente necessidade de quebrar com a mesma."
Sufoco [Colecção Toupeira #13], Setembro de 2021, 20 págs, impressão a preto & branco, 17x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #14 - Colecção Toupeira #15 -
Colecção Toupeira #16 - Epígono
A meio de uma aparentemente tranquila viagem de comboio, uns estranhos ruídos atrás de uma porta desencadeiam um mergulho de regresso ao passado. As reminiscências da infância, das férias passadas na praia juntamente com a família, e a ensombrar estas memórias idílicas, a fobia de entrar na água e de perder o pé.
Os pássaros assustadores, a ameaça iminente, a fuga apressada seguida do mergulho no negro gélido desconhecido, um arrepio frio e quando regressa a luz, a voz do pai a puxar para a superfície.
Uma sensação de estranheza e simultaneamente tudo parece tão familiar e íntimo, um adulto a revisitar a sua própria infância, a conversar e abraçar o pai. Um processo de alteridade, uma recordação, um sonho quase acabado transformado numa singela homenagem paterna, antes de continuar a viagem rumo a um lugar onde já se foi feliz.
Epígono, Junho de 2023, 20 págs, impressão a preto & branco; capa a cores, 17x24,2cm. Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
Colecção Toupeira #17 - A Casa dos Lilases
Colecção Toupeira #17 - A Casa dos Lilases
Segundo nota explicativa da autora A Casa dos Lilases é uma obra puramente ficcional, que se baseia em diversas obras literárias do século XIX, designadamente de Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.
São vários os tópicos aflorados neste trabalho de Daniela Viçoso, desde a forma como são abordados os clássicos literários no ensino secundário, até à temática dos artefactos culturais perdidos.
No fanzine, a realizadora da série televisiva fictícia "é baseada na Noémia Delgado, uma realizadora do novo cinema português. Ficou conhecida pelo documentário "Máscaras" (1976) e pela adaptação para TV dos "Contos Fantásticos" nos anos 80, uma compilação de contos de ficção especulativa (terror, ficção científica, fantasia), algo bastante inédito à data em Portugal."
No fanzine, a realizadora da série televisiva fictícia "é baseada na Noémia Delgado, uma realizadora do novo cinema português. Ficou conhecida pelo documentário "Máscaras" (1976) e pela adaptação para TV dos "Contos Fantásticos" nos anos 80, uma compilação de contos de ficção especulativa (terror, ficção científica, fantasia), algo bastante inédito à data em Portugal."
Nesta obra, apresenta-se A Casa dos Lilases como o único livro escrito por José de Fonseca em 1882, e que um século depois teria sido objecto de adaptação para uma série televisiva, contemporânea da telenovela "Vila Faia".
Daniela Viçoso compõe magistralmente os cenários e os personagens, realçando a caracterização epocal e os costumes vigentes, sobressaindo a misteriosa e melancólica personagem do primo Ribeiro.
A própria autora reconhece que muito mais havia a "explorar com esta história (sobretudo outras relações e diálogos entre personagens), mas não deu.", ficando o desenvolvimento da narrativa à consideração da imaginação de cada leitor.
A Casa dos Lilases, Junho de 2024, 28 págs, impressão a preto & branco, 17x24cm., Tiragem: 400 exemplares. Edição: Bedeteca de Beja.
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