Carneiro Mal Morto
Recuperando o que Ana Ribeiro referiu no sítio Bandas Desenhadas: "Este fanzine foi criado em mil novecentos e noventa e oito. Por extenso fica ainda mais antigo. E sobreviveu, até hoje, no armário que era das costuras da minha avó e de cenas que já nem recordo bem. Quando o revejo, releio, tenho vontade de ouvir música e sei que este zine puxa para a música… Gótica. Sei? Sei porque o sinto. Não por ser verdade, mentira ou realidade. Como não conheço assim muita música refundida acabo por ouvir Peter Murphy e o seu belíssimo “Marlene Dietrich’s favorite poem”.
Também associo ao existencialismo. Pela solidão. Todavia, menos. Muito menos. Acho que é de amor que falam os autores. Pois…impossível falar de amor sem falar de solidão, se calhar. Por oposição. Não quer dizer que Camus não falasse de amor. Mas devo estar algo confusa porque O Estrangeiro de Camus faz-me associar ao Crime e Castigo de Dostoievski. Isto são tudo pontapés no deus dos livros. Como quando alguém mais antigo nos diz: “dás pontapés em Deus”. E é tudo menos o que queres fazer. Contudo, não tens culpa do teu cérebro fazer estas associações 🙁.
Bom, voltando ao zine e ano de mil novecentos e noventa e oito. Ao deserto. Como é bom ler e ouvir alguém falar do deserto. E mais uma vez associo à existência de um limbo. Entre a morte e a vida. O amor e a Solidão. Recordo também uma paz estranha quando se fala nas coisas que doem ao encontrar um ouvinte. Um Bom ouvinte. Para uma boa história sobre o deserto. Sobre a possibilidade do milagre de estar vivo. E não, não é assim tão banal por esse universo fora."
Também o blogue Uma Bedeteca Anónima referenciou este número do Carneiro Mal Morto: "Criado e editado por Rafael Gouveia (que participou na colecção LX Comics) e o misterioso Daniel Dias, este fanzine a dois inseria-se numa tendência de aceitação nada fácil nos anos 90 (e mesmo agora, o que dizer?) das ideias do autor norte-americano Ralph Woods (Comics: Structure and texture, Black Press, New York, 1996), no sentido da viabilização de uma BD de cariz experimental, “multifacetada e transdisciplinar” (…) liberta dos seus padrões clássicos (..) feita de delírios gráficos da “poesia desenhada”.
Também o blogue Uma Bedeteca Anónima referenciou este número do Carneiro Mal Morto: "Criado e editado por Rafael Gouveia (que participou na colecção LX Comics) e o misterioso Daniel Dias, este fanzine a dois inseria-se numa tendência de aceitação nada fácil nos anos 90 (e mesmo agora, o que dizer?) das ideias do autor norte-americano Ralph Woods (Comics: Structure and texture, Black Press, New York, 1996), no sentido da viabilização de uma BD de cariz experimental, “multifacetada e transdisciplinar” (…) liberta dos seus padrões clássicos (..) feita de delírios gráficos da “poesia desenhada”.
Entre várias BDs curtas destes autores (gémeos? os seus estilos gráficos são muito próximos) é excepcionalmente bela a BD “Lonely Planet” de duas páginas, em que a sensação de solitude é exposta de uma forma desarmante e simples. Uma pérola a rever…"

Três histórias carregadas de depressão, melancolia e desespero. Na primeira banda desenhada, mergulhamos nos pensamentos desconfortáveis vertidos em inglês, de uma jovem perdida num misto de incerteza e colapso emocional, a um pequeno passo de cometer suicídio "even if they say that is not the fall that kills you. It's the sudden spot."
Na segunda bd, Rafael Gouveia muda o estilo do desenho, mas mantém uma continuidade temática e um ambiente carregado de mal-estar e gente no limite do descontrolo e da loucura.
A última banda desenhada "Lonely Planet" devolve-nos a melancolia citadina, o spleen que se desprende dos cigarros fumados incessantemente para disfarçar o frio existencial e a solidão.
Na segunda bd, Rafael Gouveia muda o estilo do desenho, mas mantém uma continuidade temática e um ambiente carregado de mal-estar e gente no limite do descontrolo e da loucura.
A última banda desenhada "Lonely Planet" devolve-nos a melancolia citadina, o spleen que se desprende dos cigarros fumados incessantemente para disfarçar o frio existencial e a solidão.
Carneiro Mal Morto #3, Maio de 2001, 20 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Cascais.
Carneiro Mal Morto #4

O quarto número do Carneiro Mal Morto reúne três trabalhos de Rafael Gouveia. A primeira está carregada de um nocturno spleen citadino.
A segunda banda desenhada, é a mais longa e apresenta-se como "desenhos mais ou menos poéticos" inspirada por excertos do livro "Textos Mais ou Menos Poéticos" de Rafael Dionísio.
Por fim, regressa a melancolia vivenciada no meio dos prédios com as janelas iluminadas, das ruas bem sinalizadas e despidas de vida e de sentimentos.
Carneiro Mal Morto #4, Junho de 2001, 20 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Cascais.
Carneiro Mal Morto #5
O quinto lançamento sob a designação Carneiro Mal Morto, reúne quatro histórias escritas em inglês: a primeira "Smoke, The Monologue Series Chapter 1", já tinha sido anteriormente publicada na revista Quadrado #2, Vol. 3. A segunda bd, intitulada "Map", constitui uma reflexão sobre a vida, que não se confina aos limites de mapas e planos bem definidos. Esta bd também já era conhecida da antologia Mutate & Survive, publicada pela Chili Com Carne em Outubro de 2001.
Segue-se a bd inédita "Catherine", na qual Rafael Gouveia parte de um texto de Mark Helfrich para narrar uma história sobre um relacionamento amoroso que não resultou.
A última banda desenhada "I Am in a Group", baseada num texto de Jens, um jovem norte-americano, decompõe um sentimento de irremediável solidão, apesar de todas as tentativas de integração no grupo. Esta bd também já tinha sido publicada na antologia Stereoscomic, 2001.
Carneiro Mal Morto #5, Janeiro de 2002, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Edição: International Fanzine Front. Cascais.
Carneiro Mal Morto #5
O quinto lançamento sob a designação Carneiro Mal Morto, reúne quatro histórias escritas em inglês: a primeira "Smoke, The Monologue Series Chapter 1", já tinha sido anteriormente publicada na revista Quadrado #2, Vol. 3. A segunda bd, intitulada "Map", constitui uma reflexão sobre a vida, que não se confina aos limites de mapas e planos bem definidos. Esta bd também já era conhecida da antologia Mutate & Survive, publicada pela Chili Com Carne em Outubro de 2001.
Segue-se a bd inédita "Catherine", na qual Rafael Gouveia parte de um texto de Mark Helfrich para narrar uma história sobre um relacionamento amoroso que não resultou.
A última banda desenhada "I Am in a Group", baseada num texto de Jens, um jovem norte-americano, decompõe um sentimento de irremediável solidão, apesar de todas as tentativas de integração no grupo. Esta bd também já tinha sido publicada na antologia Stereoscomic, 2001.
Carneiro Mal Morto #5, Janeiro de 2002, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Edição: International Fanzine Front. Cascais.
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