Print Freud
Adquiri o fanzine Print Freud na Feira da Alegria, realizada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Não apresenta qualquer traço identificativo: título, autor, origem, data de publicação... nada, nem uma palavra. Uma resistência às condições de visibilidade omnipresentes impostas pela cultura digital. No entanto, não foi o anonimato, o apagamento de qualquer referencial autoral, que despertou a minha atenção.
Foi a desolação que se intui a cada página, um negrume provocado por uma catástrofe que ainda não aconteceu, mas está iminente. Uma inquietação latente, palpitante...
Vemos espaços urbanos abandonados, que outrora abrigaram gentes e sonhos, que se estilhaçaram em mil desilusões e fracassos. As imagens surgem-nos em processo de lenta desintegração, reproduzidas, ampliadas, desfocadas até à abstração. Ao fundo, o som vai alternando entre Burial e The Disintegration Loops de William Basinski.
Sobrepostos às imagens fotográficas saturadas, surgem desenhos que são pequenos clarões, vinhetas lampejos num mundo privado de luz. São os fragmentos desenhados que abrem orifícios, janelas num mundo mergulhado em sombras e matéria negra.
Print Freud, 2021, 16 págs, fotocópia a preto & branco, 14x20cm. Porto.
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