Homem-Faca
Publicação em formato revista daquele género intrigante que surge como um cometa e desaparece logo de seguida, sem deixar qualquer rasto. Daquele género de publicação que corresponde à realização do sonho de alguém, que se empenha e luta para lançar a revista, mas depois, por desgaste ou desilusão, não dá sequência. Logo no editorial, assinado por Zé Radical, autodenominado "não-editor", sente-se um sopro de acto impossível, condenado ao fracasso.
De todo o modo, ficamos com este primeiro número, que está muito bom ao nível do conteúdo. Os textos apresentados são: "Plêiades" de Hugo Neves; “C17H14CI2N2O2” por João Silveira, "Queixumes do Costume" e "Dias do Costume" por João Abreu, vários "Bilhetes" por Anónimo e "Criança", texto e ilustração de Zé Radical.
As fotografias são de Guilherme Lima (capa) e no interior de Carlos Adolfo. A ilustração que ocupa as páginas centrais é da autoria de Flávio Vasconcelos. Zé Teibão apresenta diversos desenhos e textos, tecendo uma reflexão filosófico-religiosa em redor da fé e da existência de Deus.
Na banda desenhada, temos a muito nocturna e misteriosa "White Jazz", com texto de Manuel João Neto e desenho de André Coelho; e uma sequência suburbana mecânica e sufocante, da autoria de Nuno Abrantes.
Em suma, uma excelente publicação, cujo aspecto menos positivo fica a dever-se à digitalização de alguns trabalhos, excessivamente pixelizados e carregados de meios-tons, carenciados de maior definição e contraste.
Homem-Faca #1, Dezembro de 2019, 40 págs., impresso a preto & branco, 21x29,7cm.
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