15 dezembro 2023

Conceptual Art

Conceptual Art abre da forma mais auspiciosa, guiados por um esqueleto coveiro a enterrar a arte na respectiva tumba no cemitério da arte. Na sequência seguinte de desenhos envoltos na matéria negra, vislumbramos a deriva cósmica da gadanha da morte, para proceder à ceifa rente da arte, dos artistas, dos facilitadores e das figuras tutelares - os curadores.
O autor encarna o exorcista que vai expurgar os demónios da arte. Pelo caminho, caiu num caldeirão de ácidos alucinogénios e saiu de lá aditivado com todas as cores do espectro psicadélico, pintando um mundo paralelo ao dos finlandeses do jornal "Kuti" e aos trabalhos mais delirantes de Tommi Musturi. Também o universo visual de Von Calhau! surge rasante para acrescentar mais uns pozinhos das antigas magias.  
A arte fetichizada e mercantilizada, os prestidigitadores que convocam os procedimentos que accionam os mecanismos que elevam o banal ao estatuto de arte suprema e conceptual, a misteriosa alquimia saída do hospício visual capitalista.
André Bom cria um caleidoscópio insano flamejante e delirante, simultaneamente mórbido e divertido, invocando a iconografia metaleira com as suas caveiras e ossaturas, as letras angulares, mulheres a empunhar machados, a imagem símbolo dos Motörhead e a criatura do Exterminador Implacável numa sucessão em crescendo de monstruosidades e vísceras, tudo pintado com o estojo completo das canetas de feltro.
A arte triturada, a anti-arte, regurgitada contra a parede, resgatada aos seus cicerones, em busca de uma outra nova arte, uma arte para um mundo em decomposição.
Conceptual Art, Março de 2023, 52 págs, impressão a cores, 14,5x21cm. Tiragem: 30 exemplares. Edição: Opuntia Books [OB-038].

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