03 janeiro 2023

Isilda ou a mudez dos códigos de barras

Nesta obra de Manuel de Freitas, Isilda, empregada de caixa num supermercado vai radiografando os clientes enquanto vai passando o scanner nos produtos que adquirem. Pelas compras que fazem, vai especulando sobre as vidas que levam, os momentos que atravessam, as desgraças alheias, mas também as próprias.
A vontade de exteriorizar o que pensa e o que sente, sempre reprimida porque não pode ser despedida agora. Os gestos mecanizados, os salários miseráveis, a complexidade das interacções sociais, as conversas de circunstância, a vida a correr diante dos olhos e uma sensação de perda e de falhanço.
Como é habitual nas edições da Oficina do Cego, há um grande esmero na composição e arranjo gráfico. Neste trabalho, os textos de Manuel de Freitas são impressos nas páginas pares (esquerda), enquanto na outra página surge um trabalho gráfico envolvendo a imagem do código de barras com algum elemento que o relacione com o texto. 
Isilda ou a Mudez dos Códigos de Barras, Abril de 2010, 36 págs, impressão em tipografia de caracteres móveis preto & branco, 10,3x14,5cm. Tiragem: 250 exemplares. Edição: Oficina do Cego.

0 comentários:

  © Ourblogtemplates.com