Lado-B
Em Lado-B, José Vaz cria uma narrativa distópica onde uma estranha adição provoca uma demanda desesperada por suportes físicos de filmes, música e banda desenhada. Nesta sociedade totalitária, os objectos culturais são de consumo proibido e transacionados no submundo.
A história começa com uma personagem feminina viciada em filmes, visualizando fascinada diversas imagens de películas pioneiras e de clássicos de ficção científica, desde a Lua de Méliès ao Metropolis de Fritz Lang ou ao Star Trek. No entanto, o vício só é saciado consumindo as fitas de VHS enroladas em cilindros como charros, fumando-as e inalando os seus nitratos.
Quando termina o efeito cinético, procuram-se novos estímulos, desta vez ligados à música, obtendo CD, que o vinil está caro e é ruim, pelo que tem que se satisfazer com as rodelas de plástico, que tritura em pó fino e injecta no próprio corpo, num novo delírio enleante.
Armada com os apetrechos necessários, assalta uma livraria para saquear o novo carregamento de livros de banda desenhada, mas é caçada e detida. De nada adianta negar, pois o seu corpo está bem marcado com os traços da vinheta consumida, acabando condenada à pena capital suicidária.
Lado-B, Outubro de 1998, 28 págs, fotocópia digital a preto & branco; capa em papel reciclado, 14,5x21cm. Edição: Virtual Lazer Print. Porto.
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