23 outubro 2025

Espaço Marginal

Espaço Marginal #0
Espaço Marginal teve a sua génese no Instituto Politécnico de Beja, organizado pelos docentes Ana Lopes e Marco Silva. Incluindo ilustração e banda desenhada de alunos, docentes e alguns autores convidados, esta edição não esteve sujeita a qualquer imposição temática ou estilística, tendo como únicas especificações o formato quadrado e arte final monocromática. 
A ilustração apresentada na capa é de Ana Lopes, com produção em serigrafia de António Inverno. Nas páginas centrais, o convidado Geraldes Lino faz uma breve apresentação da Tertúlia BD de Lisboa.
No interior, são publicados desenhos de Ana Gomes, Célia Mestre, João Alves, Viviane Soares Silva, João Mendes, Clemente Tsamba, Tiago Brito.
As ilustrações são de Ana Velhinho, Catarina Santos, Manuel Ribeiro, Catarina Sobral, Henrique Pereira, Marta Pinheiro, Sara Castanho e Daniela Viçoso.
Na banda desenhada, são apresentadas pranchas de Pedro Horta, Catarina Gil, Manuel Ribeiro, Henrique Pereira, Bruno Rafael, Phermad, Marco Silva e Ana Lopes.
Na ilustração científica, temos excelentes exemplares de Ana Lopes, Ana Rita Afonso, Catarina Lima, Miguel Azevedo, Lúcia Antunes e Aldo Passarinho.
Espaço Marginal #0, 2013, 64 págs, impresso a preto & branco; capa em serigrafia, 19,3x19,3cm, Tiragem: 120 exemplares. Edição: Laboratório de Arte e Comunicação Multimédia do IP Beja.

Espaço Marginal #1
Decorrido um ano após o lançamento da edição inicial, o segundo número de Espaço Marginal mantem as suas coordenadas essenciais: compilação de ilustração, banda desenhada e design de diversos autores lusófonos.
São apresentados desenhos e ilustrações de Diana Marques, Catarina Santos, Célia Mestre, Cristina Dias, João Alves, Aina Bexell, Lúcia Antunes (ilustração científica), Pedro Leite, Catarina Bico, João Machado, Catarina Lima, Sebastião Peixoto, Cristina Santos, Marco Silva, Ana Lopes, Catarina Gil, Ana Velhinho, Rui Ferreira, Marta Pinheiro, Daniel Antunes, Susa Monteiro, Paulo Monteiro e Mafalda Duarte.
As bandas desenhadas são curtas, que não excedem as cinco pranchas de Cau Gomez, da dupla Kwashu e Max, Manuel Ribeiro, Pedro Horta, Bruno Rafael, Pedro Leite, Henrique Lobo, Fernando Madeira e João Alves.
Geraldes Lino contribui com um texto sobre o pouco comum fanzine de tipo biográfico, referenciando a publicação de A Banda Desenhada na Obra de Carlos Botelho, editado por J. Machado-Dias.
Espaço Marginal #1, 2014, 80 págs, impresso a preto & branco; capa em serigrafia, 20x20cm, Tiragem: 120 exemplares. Edição: Laboratório de Arte e Comunicação Multimédia do IP Beja.

20 outubro 2025

Anim'arte

Assumindo-se como uma revista de animação sócio-cultural, a Anim'arte abre espaço para diversas temáticas de cariz cultural e de identidade regional.
A indefinição do estatuto profissional do animador cultural ocupa o editorial. A crónica de Pedro Martins incide sobre a série televisiva "Os Simpsons". Alagoa (dos Lucretia Divina), escreve sobre as tribos urbanas, destacando as tribos associadas a sonoridades mais pesadas e metaleiras.
Na entrevista ao artista Pedro Albuquerque, sobressai uma panorâmica sobre a sua carreira e a vivência artística na cidade de Viseu.
Segue-se uma reportagem sobre as "Cavalhadas de Vildemoinhos", uma tradição secular com mais de 370 anos de existência.
Como encarte, impresso em papel azul, surge o "Caderno Técnico de Banda Desenhada" com muita informação específica e também diversos artigos de opinião, referências ao Salão de BD de Viseu organizado pelo GICAV, que ia na quarta edição, bem como aos autores homenageados: Fernando Bento (1991), Artur Correia (1992) e os autores revelação: os irmãos Carlos Santos e Fernando Santos.
Os primórdios do cinema, os filmes mudos projectados ao ar livre no meio da praça central, espalhando sonhos e magia. Noutro registo completamente diferente, Joaquim Alexandre escreve sobre "Os Anti-Sociais", um filme trash holandês alugado num videoclube.
Mais alguns textos sobre associativismo juvenil, animação cultural e regionalismos preenchem as restantes páginas desta publicação viseense.
Anim'arte #2, Junho de 1992, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 1000 exemplares. Edição: GICAV. Viseu.

17 outubro 2025

Cão Raivoso

Cão Raivoso #1
O surgimento de fanzines de banda desenhada em Portugal esteve intimamente ligado aos estudantes do ensino secundário - veja-se os casos, entre outros, de Argon, Impulso e Graphic - mas, nos anos mais recentes, não se regista grande actividade fanzinística dos alunos liceais. Neste contexto, saúda-se o lançamento do Cão Raivoso pelo Clube de Banda Desenhada da Escola Artística Soares dos Reis, do Porto.
Adoptando a designação de uma canção de Sérgio Godinho gravada no álbum de 1974 «À Queima Roupa», o fanzine constitui uma extensão do Clube de Banda Desenhada, composto por alunos e ex-alunos da Escola. Prevendo uma periodicidade bianual, este número inaugural apresenta diversas bd, desenhos de Matilde Camacho e Miguel Crispim, o poema «O Nome do Cão» de Manuel António Pina, um extenso artigo sobre Rafael Bordalo Pinheiro destacando o seu trabalho no periódico «A Paródia», e a fechar, uma tira de 1946 de Nancy Daily Comic, da autoria de Ernie Bushmiller. A paginação e coordenação foi da responsabilidade de Patrícia Guimarães.
A primeira banda desenhada é "Os Mundos" de Ana Lopes e Catarina Zhu, uma aventura envolvendo formigas que se agigantam e jogos virtuais.
"A Vingança" de Ana Magalhães e Nuno Oliveira, uma caçada com laivos de vingança, algo desequilibrada pela diferença no traço apresentado ao longo da história.
Madalena Dinis e Mariana Oliveira apresentam "A Sina" em estilo film-noir.
Depois, a "Sobremesa" junta as autoras Ana Silva, Carlota Azevedo e Mara Soutinho numa sangrenta preparação para uma festa de aniversário.
"Rain Drops Keep Falling" de André Ferreira é uma bd prometedora, que acaba comprometida pelo  aspecto excessivamente inacabado do desenho e da balonagem.
Segue-se a prancha de 1993 "O velho e o burro à procura do rapaz" de Daniela Duarte.
Joana da Costa (Yuri) apresenta a bd "Além", vencedora em 2023 do concurso da Escola, dedicado ao  pintor e professor portuense António Cruz.
"The Thing" é uma enternecedora bd de Isabella D'Agostini e Joana Abreu.
A bd "Olhos?" de Karla Bobay e Matilde Cunha é misteriosamente assustadora e sanguinolenta, prometendo continuação...
No mesmo registo, "Deixo um pouco de mim, levo um pouco de ti" de Sara Monteiro, retalhos humanos a recompor brechas abertas, desenhado em estilo japonês.
Esperemos que este Cão Raivoso continue a cerrar os dentes e que faça jus ao mote "mais vale ser um cão raivoso do que um carneiro".
Cão Raivoso #1, Janeiro de 2024, 52 págs, impresso a preto & branco; capa em cartolina colorida, 14x20cm. Tiragem: 150 exemplares. Porto.

Cão Raivoso #2
O segundo número do Cão Raivoso assumiu como tema a "Revolução", que foi recriado de diversos modos pelos jovens participantes.
A primeira bd é uma interpretação de Rosita Reis de "Si Bu Sta Dianti na Luta" do guineense José Carlos Schwarz, utilizando o desenho e a palavra escrita em crioulo, para compor uma original e poética homenagem às lutas independentistas.
Dinis Carvalho apresenta "Entrelinhas" graficamente bem conseguida, mas inconsequente na narrativa. Aguarda-se com expectativa a continuação deste trabalho.
"Acabou" é uma curta e muito eficaz bd da autoria de Filipa Cardoso. Seguem-se algumas pranchas colectivas inspiradas no movimento artístico da Nova Bauhaus, realizadas no decurso das sessões do clube de banda desenhada.
O entrevistado neste número é o professor Guerreiro Vaz, um dos principais responsáveis pelo concurso BDArte promovido pela Escola Soares dos Reis.
Nesta edição, temos ainda um breve artigo sobre a verdadeira história do surgimento dos cravos no 25 de Abril, protagonizada por Celeste Caeiro.
A emergência de inteligência artificial, os robôs humanoides, as máquinas sofisticadas de guerra e apesar de tudo isto, ainda sobra uma réstia de esperança na humanidade em "I Am Am" de David Oliveira.
"Carga a +" de Leonor Morais e de Mariana Carvalho, recria em estilo de jogo eletrónico a dança das cadeiras que fizeram tombar Salazar do poder.
As confusões sobre a identidade de género e os arranjos possíveis, tratados de forma lúdica por Neivin Floridia na banda desenhada "Dino e "Ela" em Brinquedo de Mulher".
A dupla Clarisse Pereira e Matilde Sousa imagina uma marcha de um batalhão de cravos com uma determinação 
inabalável para fazerem a revolução.
Agora não há tempo para fazer a revolução. A juventude, identificada por Lenine como a chama mais viva da revolução, está mais conformada e acomodada, apesar de ainda haver um fogacho aqui e ali.  As revoluções são vistas como coisas do passado, que se comemoram anualmente de forma quase burocrática, servindo memórias alheias e realidades longínquas. 
'Bora lá fazer a p*** da Revolução?
Cão Raivoso #2, Maio de 2025, 60 págs, impresso a preto & branco; capa em cartolina colorida, 14x20cm. Tiragem: 200 exemplares. Porto.

14 outubro 2025

Charlottesville's Preliminary Black Blooming

O nome completo desta publicação de André Lemos é Charlottesville’s Preliminary Black Blooming (An Amazing & Epic Journey Of A Portuguese Artist Trying To Meet The Refreshing And Brand New Dogwood Festival’s Queen) e foi especialmente produzida para a exposição "Impera et Divide". A exposição, comissariada por Pedro Moura, realizou-se entre 06 de Março e 25 de Abril de 2009, em Charlottesville, Virginia, nos Estados Unidos da América.
Não assisti à exposição, mas os trabalhos da autoria de André Lemos que constam no catálogo da exposição podem ser enquadrados como sequências relativamente convencionais de banda desenhada. Ao contrário, em Charlottesville’s Preliminary Black Blooming surgem desenhos isolados, cartas soltas de um baralho mágico, com imagens indecifráveis e misteriosas na sua profundidade densa de matéria negra.
Nas páginas centrais, em estilo poster, é apresentada uma colagem sobre uma imagem representando uma paisagem montanhosa idílica. No meio dos prados verdejantes e dos cursos de águas frias e límpidas, Lemos implanta elementos que provocam um efeito estranho e surpreendente.
Os desenhos de Lemos são sombras que se transfiguram entre mundos permeáveis - o conhecido e o oculto, o orgânico e o abstracto. Um portal entreaberto, que absorve toda a luz circundante, mas que se oferece à descoberta de outras dimensões, bestiários comunicantes, novas possibilidades de regressar com outros olhos ao nosso mundo.
Charlottesville's Preliminary Black Blooming, Março de 2009, 28 págs, capa impressa a laser sobre papel espécie-de-salmão 180 gr.; miolo impresso a laser sobre papel Xerox Recycled 80 gr., 14,6x21cm. Tiragem: 50 exemplares. Edição: Opuntia Books [OB-0011].

11 outubro 2025

Crack!

Crack! #2
Neste segundo Crack! há espaço e incentivo para o envio de correspondência, com críticas e sugestões, e troca de ideias com os leitores. O fanzine não pretende focar-se apenas na vertente musical, procurando analisar e reflectir sobre a situação política nacional e internacional. Neste contexto, os artigos "1992: Crise-Espetáculo" de Mutante Noé e "A História Deles" de Kraal Kobalt, são importantes reflexões sobre o contexto histórico vivido na época. Há também diversos reportes de ocupações em várias cidades europeias e de algumas actividades desenvolvidas pelo movimento anarco-punk em Portugal.
O texto "500 Anos de Resistência Índia" aborda os massacres e a violência exercida sobre as populações indígenas das Américas.
Mutante Noé entrevista membros do grupo "Hunt Saboteurs" de Edimburgo, célebre pela sua actuação em caçadas organizadas no Reino Unido.
A Comunidade Europeia e as suas regras restritivas para a entrada de estrangeiros e as normas rígidas do mercado único são criticadas veementemente.
Seguem-se diversas entrevistas: - à banda húngara Trottel, aos ingleses W.O.R.M., e a duas bandas de Lisboa: Corrosão Caótica e X-Acto; e duas bandas do Porto: Humor Cáustico e Kristo Era Gay.
Artigos sobre Ice-T, Pigface, Malhavoc, a anteceder as habituais páginas dedicadas a críticas a novas edições discográficas e também a fanzines e livros. Em suma, uma das melhores publicações dentro desta área.
Crack! #2,
 Outono de 1993, 24 págs, fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Edição: Colectivo Crack! Porto.

Crack! #3 

Fanzine libertário de excelente qualidade, produzido por Mutante Noé, Vasco Rodrigues e Luis Moreno. O Crack! é bastante sólido e bem escrito, com textos de temática política, tecnologia, modos de vida e divulgação de discos, livros e publicações alternativas. Nas primeiras páginas, são abordados os problemas habituais da acção libertária e a dificuldade verificadas para quebrar o imobilismo social. 
Referem o relativo fracasso das Jornadas Libertárias realizadas no Porto. Mencionam as casas ocupadas e divulgam diversas notícias e contactos internacionais.
Sob o título "New Age Travellers" são entrevistadas duas inglesas nómadas que passaram pelo Porto em finais de 1994. Depois é publicado um artigo sobre uma ocupação e reabilitação de uma velha escola pública abandonada no País Basco.
Ian McKaye dos norte-americanos Fugazi responde a algumas questões colocadas por escrito pela redacção do Crack! Segue-se nova entrevista aos membros da banda japonesa Zeni Geva e também aos Neurosis.
A secção dedicada à divulgação de fanzines inicia com um texto de reflexão sobre a feitura e publicação de fanzines (O Estado da Cena), seguida de um destaque ao fanzine "Naturanimal" e uma pequena entrevista à respetiva editora. Várias outras publicações nacionais como "ZWF", "Atitude Alternativa", "Morte à Censura", "Global Riot / Revolta" e "Kanibal", merecem destaque.
A parte dedicada à música começa com 3 perguntas a 3 bandas: Alcoore, Hud Sabão e aos Renegados de Boliqueime. A secção dedicada à crítica e divulgação de edições discográficas abrange um espectro que vai do punk / hardcore, hip hop, noise / grind, rock, até spoken word.
Este número termina com a divulgação de diversas publicações e livros e também a filmes e vídeos.
Crack! #3, Agosto de 1995, 24 págs, fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Edição: Colectivo Crack! Porto.

08 outubro 2025

Buzina

Esta publicação criada pelos alunos do ensino complementar do Instituto Nun'Álvares (INA) das Caldas da Saúde, localizado no limite dos concelhos de Santo Tirso e Famalicão, é paradigmática do tipo de fanzines que se publicavam nos primórdios dos anos 80 do século passado: textos dactilografados, algumas palavras ou pequenas frases manuscritas, recortes da imprensa, parcas imagens e com fraca definição.
Acima de tudo, prevalece uma enorme vontade de comunicar e divulgar. Neste terceiro número de Buzina, os estudantes insurgem-se com a marcação das competições desportivas do colégio (as Iníadas) para o fim-de-semana, argumentando que os adultos não aguentam ver os jovens sem fazer nada, que logo tratam de os ocupar com alguma coisa.
Há também entrevistas a antigos alunos do INA (a funcionar desde 1932), passatempos como palavras cruzadas e concursos, tiras de Peanuts. Destaque para a divulgação musical com a publicação de artigos sobre os Sex Pistols e uma panorâmica sobre as bandas praticantes da sonoridade Ska.
No tocante à sétima arte, o filme "Quadrophenia" é referenciado, bem como as sessões de cinema realizadas no cineteatro do Instituto.
Os assuntos e problemas quotidianos da escola são denunciados com sentido de humor e a irreverência característica da juventude.
Buzina, Maio de 1980, 12 págs, fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Edição: Grupo de Alunos do Complementar - Instituto Nun'Álvares. Caldas da Saúde.

07 outubro 2025

Olho do Cu

Olho do Cu #23
Desde 2016 que há um novo fanzine a adoptar o nome de "Olho do Cu", denotando uma certa fixação anal no panorama fanzinistico nacional.
O número 23 lançado por alturas do Natal de 2022, abre com o "Vaginetorial" narrando a história de amor impossível entre Lurdes e Aristides.
Samir Karimo apresenta a banda desenhada "A Substância S", outrora muito abundante e agora altamente escassa e procurada por mulheres sedentas e homens em risco de zombificarem.
O Capitão Adega de Sandro relaxa à sombra de boa pinga e boas leituras, até ser despertado por duas fãs apaixonadas.
Seguem-se a bd o "Cidadão" por Lard, o "Tronco de Natal" por Sal e "Natal outra vez?!" por Cutter.
Na banda desenhada "PTR" de Sandro, temos uma sucessão de equívocos com os Zés Pedros, dos Xutos e dos Holocausto Canibal.
Para fechar em beleza este número dedicado ao Natal, ainda temos "Touro Mecânico" por Carcassa e "Fantasias de Natal" por Cutter, com muita genitália e brincadeiras com o Pai Natal, o coelho, o palhaço e não vão todos ao circo... 
Olho do Cu #23, Natal de 2022, 20 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm.

Olho do Cu #25
Novo sortido de javardice em forma de banda desenhada, mas que até começa com uma história atípica intitulada "Mais um Entardecer..." baseada num poema de Thina Curtis e desenho de Wagner Santos.
O Solha desenhado por Lard protagoniza diversas pranchas esquinadas em cenários infectos e com banda sonora condizente.
O etilizado Capitão Adega descobre uma garrafa que ao ser aberta liberta um génio que lhe concede três desejos.
"Sempre que Puder..." de Henry Jaepelt (também autor do desenho da capa) incita-nos a aproveitar as oportunidades que vão surgindo.
Samir Karimo, Felipe Arambarri e Miguel Angel Sanchez criam em conjunto uma "Pistola Dourada" a jorrar líquido seminal em todas direcções.
"PTR" é uma criação de Sandro misturando Holocausto Canibal com Holocausto de Merda.
Há ainda diversas outras bandas desenhadas e até uma fotonovela, servindo doses pantagruélicas de depravação, sexo e genitália.
Olho do Cu #25, Outubro de 2023, 40 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm.

Olho do Cu #27
O "Vaginetorial" é escrito em portunhol e o conteúdo deste Olho do Cu é constituído por bandas desenhadas bem humoradas e alguma brejeirice. A capa, assinada por Irina Covelas, é bastante apelativa e sensual.
A primeira bd é "PRT" de Sandro sobre um concerto de uma banda heavy chamada Rabuje. As bandas, os concertos e a estrada são também o cerne da bd "Comité Motel" de Lard. 
O Capitão Adega conduz-nos numa digressão à adega do Serrote para as provas de uma "pomada" bem estagiada em casco especial.
Carlos Carcassa apresenta dois desenhos "Carcassa" e "Pig". O autor brasileiro Henry Jaepelt apresenta as pranchas "Estrutura do Módulo Base" e "Retera".
São publicadas duas bd de "Surfista Hardcore" de Sal, uma sob os auspícios do Carnaval e dos desenhos desconjuntados e outra com o título de "Mundo Animal", um diálogo desencantado com Neptuno no meio do mar. Seguem-se os "Problemas Existenciais" de Solha, desenhados por Lard.
Esta edição do Olho do Cu traz um extra  especial - uma "Seringrafia" em página solta, da autoria de Rick.
Olho do Cu #27, 2024, 20 págs, fotocópia a preto & branco; capa a cores, 14,9x21cm.

04 outubro 2025

Às Cegas

Às Cegas é uma publicação colectiva que contém cinco textos curtos de João Sebastian. Cada texto é acompanhado por um desenho diferente ilustrado por Alexandra Ramires, José Feitor, Ana Torrie e Paulo Vinhas.
Como é apanágio das edições da Oficina do Cego, há um cuidado excepcional com a manufactura desta publicação, apresentando uma capa impressa em serigrafia e tipografia de caractéres móveis sobre cartolina verde escura. O miolo foi impresso em serigrafia, a duas cores (vermelho e azul escuro). A encadernação é manual, com caderno cosido a fio branco. Todos os exemplares são numerados e carimbados com o selo próprio da Oficina do Cego.
Os texto de João Sebastian foram manuscritos por Luísa Bigode, e como extra é oferecido um ex-libris da autoria de Inês Cóias em linogravura sobre papel manufacturado pelo Papeleiro Doido.
Às Cegas, Abril de 2014, 16 págs, impressão do miolo em serigrafia; capa em tipografia, 17x17cm. Tiragem: 53 exemplares. Edição: Oficina do Cego.

02 outubro 2025

Coisas Feias em Belas Artes

Fanzine lançado no decurso da edição de 2023 da Feira da Alegria realizada nos Jardins da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Desenvolvido ao longo do mês de março no contexto da celebração do Dia do Estudante, a Associação da FBAUP esboçou um arco temporal de 30 anos (1993-2023), organizando e desenvolvendo este fanzine que reune diversos testemunhos e memórias de antigos dirigentes da Associação de Estudantes.
As memórias e os relatos dos antigos dirigentes estudantis foram absorvidos e trabalhados pelos novos alunos da Faculdade com recurso ao desenho e à banda desenhada. Participam no fanzine: Óscar Ferreira, António Pereira, Martim Novais, Rita Priscila, Sofia Chitas Gouveia, Pedro Evangelho, Ana Carolina Torrinha e Rita Vieira da Silva.
As memórias dispersas acabam por compor uma certa história do movimento associativo estudantil do ensino superior, "desde a luta contra as propinas, à História com h pequeno das belas artes. Memórias de uma FBAUP dos estudantes, interventiva e de forte pulsação criativa e cultural."
Excelente publicação, merecendo uma entrada directa na Fanzineteca Ideal.
Coisas Feias em Belas Artes, Junho de 2023, 36 págs, fotocópia a preto sobre papel colorido, 14,9x21cm. Porto.

01 outubro 2025

Um Café

Publicação gratuita mensal dedicada a várias temáticas à volta de um café e da cidade do Porto. O destaque neste número são os fanzines, mas há lugar para as habituais rúbricas como "Um Café a...Olhar o Porto" sobre algumas ruas, avenidas e edifícios significativos da cidade do Porto.
O livro "Salão Olímpico 2003-2006" é objecto de análise por Cristina Alves, fornecendo uma panorâmica geral sobre a breve existência do projecto artístico desenvolvido em redor do Salão localizado na Rua Miguel Bombarda.
A Leitaria da Quinta do Paço, famosa pelos seus éclairs, é referenciada na rúbrica "Um Café na Baixa".
Nas páginas centrais, e pasíveis de serem destacados através do picotado, é oferecido um desenho do artista João Brandão e uma reprodução de um cartaz dos vinhos do Porto Ramos Pinto.
Segue-se uma página dedicada ao Colectivo Senhorio, com listagem das suas publicações e uma entrevista transviada, na qual se fica a saber ainda menos sobre o Senhorio.
Nas páginas seguintes surge a banda desenhada "Fado de Lisboa" de Marco Mendes e dois desenhos de Miguel Carneiro, complementado com uma breve história de A Mula.
A fechar esta edição de Um Café, uma página dedicada ao emblemático Café Piolho.
Um Café #15, Junho de 2009, 28 págs, impresso a cores, 20,8x29,5cm. Tiragem: 5000 exemplares. Porto.

28 setembro 2025

Diários do Corona

Diários do Corona
Diários do Corona é uma compilação de tiras desenhadas por Bruno Borges, numa tentativa de exercício diarístico relativo aos dias de confinamento durante a pandemia do Covid. 
O livro foi apresentado assim: "em pleno cativeiro forçado Bruno Borges abriu quatro janelas da sua casa e deixou-nos espreitar o desenrolar dos seus dias de confinamento, a braços com a família irrequieta e um par de animais que forçaram a entrada. Levar uma vida com tantos bichos não deve ser tarefa simples, mais ainda quando o mundo lá fora é um osso duro de roer. São assim os Diários do Corona. Quarenta entradas do diário desenhado do autor, agora compiladas em livro. Espelham quatro meses dos efeitos da pandemia de Covid-19 em Portugal, e o absurdo, medo e paranóia que a ela estão associados. O sentido de humor e ironia patente nos abraços ao medo, e nos pontapés às pedras do caminho, parecem ser a maneira mais saudável de evitar que os leões nos comam vivos."
Diários do Corona, Setembro de 2020, 64 págs., impresso a preto & branco, capa em serigrafia, 22x14,5cm. Edição: Fojo / O Gorila.

Diários do Corona #2
Um ano após a edição de Diários do Corona, e uma vez que a série continuou, eis que surge o segundo volume relatando um pouco do que se passou a seguir. O registo continua próximo do diarístico, mas com vários hiatos temporais pelo meio. O autor confessa que "desenhei o que me apetecia e quando apetecia - sendo que foram muitos os dias em que não desenhei."
A primeira prancha é datada de 01 de Setembro de 2020 e  a última é de 19 de Julho de 2021. Os desenhos vão aparecendo espaçados no tempo, mas com alguma regularidade. No entanto, entre 28 de Janeiro e 04 de Junho, não há qualquer desenho.
Os confinamentos, as relações pessoais e familiares, as obrigações profissionais e parentais, as perplexidades perante as situações mais inusitadas, a omnipresença noticiosa, as fake news, as vacinas e o vírus, e muitos outros temas, vão sendo decantados através do olhar acutilante de Bruno Borges.
Utilizando um esquema relativamente rígido baseado num rectângulo horizontal dividido em quatro quadrículas e apresentando um desenho de traço minimalista, acompanhado de texto manuscrito em maiúsculas, Bruno Borges oferece-nos um olhar pessoal e muito original sobre um período excepcional das nossas vidas.
Diários do Corona #2, Setembro de 2021, 60 págs., impresso a preto & branco; capa em cartolina de cor, 22x14,5cm. Edição: Fojo / O Gorila.

25 setembro 2025

'Yoshi' - O Puto Dragão

'Yoshi' - O Puto Dragão é o nome de um projecto musical portuense surgido em 2006, muito influenciado pela cultura pop japonesa. O disco de estreia da banda foi um CD com 5 temas, acompanhado por uma banda desenhada em estilo manga, desenhada por Ana Quirino e por João Sousa.
Cada uma das músicas é a base para um capítulo da banda desenhada, assumindo ambientes bucólicos misturados com modernidade, acção e dramatização, a cultura japonesa a cruzar-se com a tradição portuguesa.
Quando esta peça discográfica foi lançada, Marcos Farrajota escreveu o seguinte no blogue da Chili Com Carne: "esta resenha crítica saiu em Julho - sobre uma edição de autor. Entretanto saiu uma nova edição pela Raging Planet e Raising Legends, que nada é mais do que uma versão industrializada da mesma edição. Mudou a capa, CD gravado em fábrica (invés no PC de uma membro da banda?), impressão offset do livro de bd e nada de novo. Agora tornou-se um produto popular, estava à espera de mais do que a edição original. Enquanto sofro com falta de novidades, ficam aqui as impressões de Julho:A Aldeia Global está cheia de híbridos e este Yoshi é mais um caso de estudo! Primeiro de tudo é um zine (pelo formato amador e distribuição restrita), tem o formato de comic (formato norte-americano de bd) mas é uma Manga (bd japonesa de vertente popular e globalmente reconhecida) que conta um estória qualquer (um puto, vingança, gajos maus, um poder extraordinário, uma paixão, já apanharam o esquema, certo?) que serve de mote para a banda... Sim, existe a banda Yoshi - O Puto Dragão que tocou na Festa dos 10 anos da MMMMMMRRRG, em Maio, daí este artefacto ter caído nas nossas mãos...
Ou será o contrário, existe a banda que se transforma em banda desenhada? Em teoria, o projecto é multidisciplinar e por isso ambas partes são unas, embora haja uma grande distância qualitativa entre o amadorismo de Ana Quirino e João Sousa (que desenham a bd) e a música bem tocada e bem gravada. Isto para não falar também na performance ao vivo, cheia de energia e diversão - a banda e público disfarçam-se das personagens da bd numa pura diversão Cosplay.
Musicalmente "Cosplay-Metal" parece uma boa definição prá banda que podemos comparar a System of a Down e Mr. Bungle pelas mudanças esquizofrénicas de estilos musicais (mas sempre com a guitarra metalizada de fundo) e... Evanescence e J-Pop pelas partes "cute" e melosas. Cantam em inglês, português, francês e japonês, o que torna a coisa também bastante rica vocalmente - já uma voz feminina e uma masculina, ambas interpretam vários papeis, o que significa berros, sussurros, guturais e tudo o mais necessário para uma dramatização "live Anime".
É a melhor banda Rock portuguesa para ver ao vivo em 2010! E em disco também é bastante bom, tanto que deverão lançar brevemente um disco oficial."
'Yoshi' - O Puto Dragão, Novembro de 2010, 36 págs, impresso a preto & branco; capa a cores, 16,8x26,5cm. Tiragem: 1000 exemplares. Edição: Ragingplanet / Raising Legends.

23 setembro 2025

Morte à Censura

Fanzine anarco-libertário com diversos textos de cariz político, insurgindo-se contra o capitalismo, a autoridade, deus, os estereótipos machistas, o militarismo, etc.
Há ainda espaço para textos poéticos românticos e sonhadores e para a divulgação de bandas punk alemãs desconhecidas como os Alpraum Gmbh. Com algum desenvolvimento, apresenta-se uma reportagem sobre um concerto dos Mata-Ratos no Bar Oceano, numa altura que se assistia a uma deriva pró-skinhead da banda. Parece que houve muito pogo na assistência e espancamento de negro à porta do Bar.
Boa divulgação do projecto "Positive Peer Pressure" que visava ajudar os jovens a adoptarem comportamentos positivos.
A banda punk brasileira "Pupilas Dilatadas" tem direito a uma extensa entrevista, relatando as vicissitudes do seu inicio e a debater-se com as dificuldades de gravar e realizar concertos remunerados.
Textos sobre activistas espanhóis encarcerados e mortos, vários slogans libertários, invectivas fortes contra o Estado e a polícia, preenchem diversas páginas.
Pequenas notícias e apontamentos sobre manifestações, o anúncio da publicação do terceiro número do fanzine Cadáver Esquisito. Uma nota curiosa sobre a edição dos discos de Dead Kennedys pela editora portuguesa MVM Discos, sem pagar os respetivos direitos à banda americana. 
Há algumas páginas dedicadas a resenhas sobre novas maquetes e discos de bandas punk e diversa informação com contactos de bandas e publicações alternativas nacionais e estrangeiras.
Morte à Censura #2, Novembro de 1988, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Lisboa.

20 setembro 2025

Vavá

As pequenas histórias que Isa Bruno arranca às vidas comuns, não nos confortam nem dão especial ânimo para as agruras do quotidiano. A vida dá muitas voltas e a má sorte teima em não largar alguns. Vavá é uma dessas pessoas, que parece que tem a vida encaminhada, mas de repente, uma sucessão inexorável de acontecimentos condiciona o seu futuro e a felicidade é uma miragem distante.
Acabam por ser os pequenos nadas, o jantar com os amigos, o futebol assistido no café, passear o cão, que vão dando algum alento para seguir adiante.
Vavá, Junho de 2025, 16 págs., impressão a cores; capa em papel colorido, 14,9x21cm. Edição: O Apókrifo.

18 setembro 2025

Os Super-Heróis Vistos por 1 Gajo de Campanhã

Paulo Pinto coloca os famosos super-heróis em banais situações do quotidiano procurando humanizar estes personagens, através de tiradas humorísticas ou inserindo-os em contextos inusitados e surpreendentes. Os super-heróis mais recorrentes são o Batman, Hulk, Homem-Aranha e vários vilões com nomes sonantes e improváveis.
Alguns músicos da pesada e certos homens da política também são retratados, principalmente aqueles que adoptam um aura especial, tal como Obama quando foi eleito presidente dos EUA.
As primeiras páginas são preenchidas com tiradas curtas em estilo cartoon, até que surge a história "The Butcher" mais desenvolvida e protagonizada por um Batman deprimido e assombrado pelos traumas da infância.
O sensacional Homem-Aranha também tem oportunidade de combater o Pimba Hut, numa divertida e pueril história com donzelas raptadas e pizzas especiais.
Seguem-se diversas pranchas isoladas protagonizadas por outros super-heróis como o Hellboy, o Wolverine, o Demolidor e outros, em sequências hilariantes e muito pouco heroicas.
Os Super-Heróis Vistos por 1 Gajo de Campanhã, 2015, 46 págs., fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Edição: Coisas Feitas em Cima do Joelho. Porto.

16 setembro 2025

Facada

Facada #1

Facada é um fanzine conjunto de Pedro Oliveira e Tiago Baptista. A primeira banda desenhada é "Diário de um Estudante", onde Pedro Oliveira narra o dia-a-dia do estudante da ESAD das Caldas da Rainha. Depois, Tiago Baptista apresenta um conjunto de quadros com o João a matar ratos com a mão. Segue-se "Dom Merdas" representando um sáurio vestido com estilo e com aura.
A letra do tema "Vampiros" de Zeca Afonso é transcrita manualmente por Pedro Oliveira, à qual acrescenta desenhos e colagens de fotos de rostos de políticos nacionais e estrangeiros.
As últimas páginas são preenchidas com trabalhos avulsos dos dois autores. 

Facada #1, Dezembro de 2005, 24 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Caldas da Rainha.

Facada #2
Fanzine editado por Tiago Baptista e Pedro Oliveira. Contem desenhos de Isabel Ferreira, André Catarino, Carlos Daniel, Eduardo Ferreira e Gonçalo Baltazar.
Tiago Baptista apresenta a bd "Casal Motor Cycle #2", uma road-trip mental em motocicleta Casal, que entretanto avaria, dando origem a uma divagação paralisante do proprietário. Além desta bd, apresenta dois textos entre o poético e a letra de canção.
Por falar em canção, é também impressa a letra do tema de Zeca Afonso "A Morte Saiu à Rua".
"Diário de um Estudante" de Pedro Oliveira é uma espécie de manual de instruções para fazer um charro, fumá-lo e ficar com a moca. O mesmo autor publica também dois desenhos de garrafões com o rótulo "Confraria Chungaria" ESAD 2006.
Facada #2, 2006, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Caldas da Rainha.

Facada #8
Fanzine com trabalhos dos editores Tiago Baptista e Pedro Oliveira, e da artista convidada Nadine Rodrigues. Os trabalhos são essencialmente desenho e banda desenhada curta, surgindo intercalados uns nos outros indistintamente. Tiago Baptista contribui com desenhos caóticos e com duas histórias: uma em bd - "Matei uma Mulher Vestida de Negro" num registo cruel e sombrio. A outra, intitulada "Fanzines São a Salvação", corresponde a um texto delirante, supostamente escrito pela islandesa Björk, fazendo a apologia dos fanzines como instrumento de intervenção social.
Num registo igualmente divagante, Pedro Oliveira publica "O Clone de Liedson Resolve", onde num longínquo ano de 2047, um clone do jogador de futebol Liedson, marca o golo que permite uma vitória galáctica ao Sporting.
Uma das páginas deste Facada é preenchida com uma extravagante entrevista à convidada Nadine Rodrigues.
Facada #8, Maio de 2007, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Caldas da Rainha.

14 setembro 2025

Continuamos Aqui?

Continuamos Aqui? de Teresa Câmara Pestana aborda de forma crítica e satírica os meandros das bandas rock, sempre rodeados na margem da página, por uns vermes e minhocas muito atentos e prontos para o banquete da decomposição do cadáver do rock.
As primeiras páginas apresentam breves apontamentos sobre concertos, festas interrompidas pela polícia e o uso de drogas por parte das bandas.
Seguem-se outras histórias, uma sobre uma banda punk rock falida, da qual só restam dois membros e um deles fica todo o dia sentado no sofá a ver TV e a fumar, enquanto o outro lamenta pela sua triste sorte.
Os contextos oscilam entre a Alemanha e Portugal, com bandas falhadas, músicos deprimidos, toda a gente a tomar a pastilha, techno parties e as drogas sintéticas, os punks, os hedonistas, os vermes e outros bichos rastejantes sempre à espreita, aguardando a sua vez para entrarem no festim.
Também temos dub místico em três partes, com metaleiros e freaks a curtirem a batucada, até as velas se apagarem e os speed-metal-freaks irem mamar cerveja para outro lado.
Para o final, Teresa Câmara Pestana expõe o retrato de uma família lusitana e ele não é nada abonatório. Os podres, a vida de aparências e ilusões, as públicas virtudes e os privados vícios, e os bichos vermes sempre eles, cáusticos e famintos, não enjeitando sequer a oportunidade para devorarem um cadáver biodesagradável!
Continuamos Aqui?, Março de 1996, 32 págs, impresso a preto em papel amarelado, 21x29,7cm. Edição: Infecta. Lisboa / Hannover.

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