19 agosto 2025

Dark Lines

Dark Lines é uma colecção que reúne diversas ilustrações e bandas desenhadas curtas da autoria de André Caetano. Estes trabalhos já haviam sido anteriormente publicados nas antologias da ZonaBD. A banda desenhada "Me and Drawing" foi publicada anteriormente na Zona Desenha; "What is a Monster?" saiu na Zona Monstra; e "A Drawing a Day" foi publicada originalmente na Zona Gráfica.
As bandas desenhadas curtas reunidas em Dark Lines funcionam como pequenos laboratórios, que permitem experimentar e desenvolver diferentes soluções gráficas e narrativas. São também espaços lúdicos, onde o prazer de desenhar e contar histórias se pode espraiar livremente.
Dark Lines #1, 2017, 20 págs, impresso a preto & branco, 14,5x21cm.

17 agosto 2025

Rendimento Mínimo

Sobre Rendimento Mínimo, Rui Azevedo Ribeiro comentou: "Não fizemos nenhuma elegia à pobreza e muito menos lhe alceamos virtudes. E a haver queixas é sem queixume. De um mote de ajuntamento, de uma condição em comum, fiz ao A. daSilva O. uma proposta. Um poema dele e outro meu fazem este livro."
Na edição de  02 de Maio de 2011, o Jornal de Notícias publicou a seguinte nota: "A. daSilva O. e Rui Azevedo Ribeiro – ambos editores e poetas, ambos beneficiários do rendimento social de inserção – são os co-autores deste pequeno livro, que, sem pretender glorificar a escassez material de bens, representa uma aproximação contundente ao impacto dessa aparente penúria sobre o acto da criação poética.
Plaquete com apenas uma dúzia de páginas, “Rendimento Mínimo” é, pois, um diálogo autónomo a duas vozes no qual os poetas partem da mesma premissa, mas concretizando abordagens distintas.
A celebrar 30 anos enquanto editor, A. daSilva O. alude no seu texto à espera permanente do “carteiro com o vale da morte”. E enquanto arrasta o “cadáver pelas entradas das igrejas onde o diabo se agarra a mim de mão estendida”, o poeta partilha “o imposto revolucionário a fim de chegar a casa sem ser atropelado”.
Professor atirado para o desemprego que descobriu recentemente o prazer de editar livros – após comprar as peças de uma velha tipografia, que lhe permitem ir publicando algumas obras nas Edições 50kg -, Rui Azevedo Ribeiro revela-nos no seu poema os contornos de uma realidade sombria, em que “por entre aves e travessas” rumina “rimas inconsistentes”, mesmo quando enfrenta funcionários dos “cêtêtês” dispostos a humilhá-lo pelo apoio que ‘concedem’."
Rendimento Mínimo, Fevereiro de 2011, 16 págs, impressão a preto & branco; capa a duas cores, 15,7x17,5cm., Tiragem: 300 exemplares. Edições 50kg. Porto.

10 agosto 2025

Master Song


Publicação de pequeno formato escrita em inglês da autoria de Francisco Sousa Lobo e lançada pela editora letã kuš!.
No blogue LerBd Pedro Moura escreveu o seguinte sobre Master Song: "contado na primeira pessoa, e em verso, podendo falar-se de dísticos rimados, a parte textual transforma-se, como o título indica, numa canção. E como uma canção, ouvi-la várias vezes vai despertando novas ideias.
O livro apresenta, de uma forma absolutamente estática, 24 pranchas de 4 vinhetas cada, numa grelha regular. Todas as figuras e objectos são desenhados a preto, mas existem duas cores adicionais, vermelho e azul. Seria tentador fazer uma interpretação idêntica àquela que fizemos em relação ao livro de Mattia Denisse, mas aqui as cores cobrem outras funções, se bem que não haja propriamente uma linha única de simbolismo. O vestido e sapatos vermelhos da protagonista, “M” ou “Emily”, compõem-na e identificam-na enquanto personagem, e logo abrem várias possibilidades de leituras intertextuais, sobretudo com o cinema: desde os The Red Shoes dos The Archers a Don't Look Now de Nicolas Roeg, não faltarão referências que misturem as questões da inocência com a sexualidade selvagem, um hipotético poder, mesmo que “silencioso”, das mulheres, e, claro está, uma abertura a significados religiosos.
Essa dimensão temática é explorada na diegese, já que Emily trabalha como ama-seca, sobretudo com crianças de famílias judaicas, mas não esconde o desprezo que tem para com a fé deles, se bem que mistura, talvez, questões pessoais – ela é cristã - e políticas – fala da questão palestiniana. Há um momento em que Emily acompanha as crianças à sinagoga, e essas são as únicas páginas que aparecem sem cor, reduzindo tudo a um preto-e-branco maniqueísta, traduzindo, talvez, a própria visão de Emily. É ela quem vê o mundo desta maneira redutora, é ela quem o pinta.
Obcecada com o romance As 50 Sombras de Grey, a questão do desejo é tematizada e trazida à tona, na forma como Emily se arranja, entrega a diálogos tórridos online, discute repetidamente assuntos BDSM, sai à noite, e procura parceiros sexuais relativamente descartáveis. Nesta dimensão, haverá a associação intertextual àquele famoso romance, que problematiza o desejo feminino. Por um lado, é um livro que tem tido uma estrondosa recepção junto a um público esmagadoramente feminino, e que encontra possibilidades das suas fantasias reflectidas na história que apresenta. Por outro, de um ponto de vista estritamente feminista, não deixa de ser curioso que seja uma relação absolutamente desequilibrada de poder, e até mesmo abusiva, que se veja tornada no centro desse mesmo desejo. Emily, no fundo, parece estar dividida entre a possibilidade de agir sobre os seus próprios desejos – ela mostra agência nas suas acções – e o fluxo dos acontecimentos em torno dela. A cena em que passa a noite com um homem no apartamento deste, por exemplo, é apresentado a azul somente. Há, então, pistas para que entendamos as cores de uma forma algo simbólica e, assim, compreendamos as tensões presentes da pessoa de Emily.
As frases mais repetidas são “Deus é a minha testemunha” e a citação do seu “Master” - Emily defini-se como “sub”, isto é, “submissa”, nos termos específicos da cultura BDSM. A convergência dos temas está sempre presente, tornando este pequeno livrinho, aparentemente tão concentrado numa história curta, numa bateria densa de linhas cruzadas e que se reforçam mutuamente."

Master Song, [Mini kuš! #65], Fevereiro de 2018, 28 págs, impressão a cores em papel Munken Pure 120 gr, 10,5x14,9cm. Edição: kuš! Letónia.

29 julho 2025

Dry and Free from Grease

Fanzine com montagens gráficas e colagens da autoria de André Lemos. O recorte e a reconfiguração de imagens impressas esgravatadas em todo o tipo de publicações, condimentados com um apurado sentido visual e lúdico são a base da concepção de um novo velho mundo. As formas geométricas, os traços e as linhas, as cores planas, são manuseadas de forma experimentalista, libertando novas formas e criaturas estranhas, misteriosas, mas sem perder o sentido de humor.  
Pedro Moura referiu o seguinte no blogue LerBD: "Dry and Free from Grease é uma colecção de variadíssimas colagens de André Lemos; esta é uma outra linguagem que o autor tem experimentado há algum tempo, e poder-se-á identificar duas vertentes, sendo a primeira “infantil”, digamos assim, no emprego de largos pedaços de folhas com cores primárias para a criação de criaturas minimamente antropomórficas, e a segunda a que aqui se cultiva, utilizando as mais díspares fontes de material, para a criação de pequenas estruturas de associações, que tanto têm de Ernst como de Baldessari, como de Kirby e de Dada. A legibilidade destas colagens não é o propósito de Lemos, mas o encerramento das figuras que compõe no interior de linhas geométricas faz pensar num qualquer desejo de circunscrever a sua acção."
Dry and Free from Grease, Abril de 2009, 36 págs, capa impressa a laser sobre papel Guarro Iris Manzana 185 gr.; miolo impresso a laser sobre papel Xerox Recycled 80 gr., 14,6x21cm. Tiragem: 75 exemplares. Edição: Opuntia Books [OB-0012].

27 julho 2025

Casa

Apesar de não apresentar título, a autora refere-se a esta publicação denominando-a como Casa. Na capa, está uma montagem com imagens de várias divisões da casa, com mobiliário e decoração típicas dos anos 80, antes da invasão dos móveis Ikea. A casa mesmo aberta, nunca se revela - permanece um mistério por revelar, o lugar onde acontece aquilo que é mais pessoal, íntimo e secreto.
Os desenhos de Emília Silva nunca são explícitos ou auto-explicativos, são elusivos, por vezes apenas pequenos apontamentos, resquícios que se materializam através de uma memória difusa e nem sempre feliz.
Na última página, surge uma adaptação em bd de "Letters to Milena" de Franz Kafka, epistolas de uma paixão incendiária, um amor excessivo e em última instância, um amor impossível.
"A casa é a metáfora que alberga todos os nossos sonhos. Lá dentro está vazia." Bartolomeu Cid dos Santos.
Casa, 2024, 16 págs, impresso a cores, 14,5x21cm. Tiragem: 10 exemplares.

24 julho 2025

Parabéns a Você

Parabéns a Você constituiu o primeiro título da Colecção "Quadradinho", uma série em pequeno formato (A6), inspirada na colecção "Patte de Mouche" de L’Association e que permitiu publicar diversos autores portugueses ao longo dos seus dezoito títulos, em edições profissionais e vendidas a um preço muito acessível (390$00).
No caso de Arlindo Fagundes, a edição de Parabéns a Você serviu para quebrar o excessivo intervalo de tempo que se verificava desde a edição do seu anterior livro La Chavalita (1985).
Pedro Cleto, o editor da Colecção "Quadradinho", referiu que apanhou um enorme susto, quando a poucos dias dos primeiros quatro volumes irem para a gráfica, ter recebido este Parabéns a Você com apenas 12 das 22 páginas necessárias.
De qualquer forma, esta história protagonizada por Pitanga como organizador da festa de aniversário de Armando "animada" por um convidado surpresa e pelos provocatórios presentes oferecidos ao aniversariante pelos amigos, mais parece um breve capítulo de uma história maior a ser continuada posteriormente.
Parabéns a Você [Quadradinho #1], Outubro de 1996, 28 págs, impressão a preto & branco; capa e sobrecapa a duas cores, 10,5x14,8cm., Edição: Associação Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto.

21 julho 2025

Modernista

Curioso fanzine dedicado exclusivamente à cena Mod, editado por Leonel Ventorim e José Felix Mourinho. Modernista procura abranger tudo o que rodeia a cultura Mod desde o vestuário, estilo de vida, filmes, música, etc. O fanzine tinha distribuição gratuita nos eventos e festas Mod.
Luís Oliveira escreveu o seguinte no Underworld - Entulho Informativo #26: "numa altura de estreias e abertura de portas em Portugal, surge também Modernista, que se apresenta como sendo o primeiro fanzine direccionado para a cultura Mod em terras lusas. Este número zero acaba por ser uma apresentação do movimento Mod - culto nascido nos anos 50 entre os jovens da classe operária inglesa com seu próprio estilo de vida e fascínio pela moda - num País onde nunca teve o seu espaço e a sua explosão é muito recente.
Encontramos aqui um resumo da história Mod que omite não se entende porquê a fase hard-Mod (69-72), dicas sobre estética e música, uma passagem pelo mundo do scootering e diversas reviews e notícias. Dispensável era o artigo com as premissas, tipo mandamentos sagrados, de como nos devemos comportar numa festa... para quem diz ter tanto "andamento" soa um bocado mal. A vida Moderna também tem disto."
Modernista #0, Setembro de 2007, 16 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Lisboa.

20 julho 2025

Skin

Publicação de Tiago Santos, que apesar de ser impressa em offset, mimetiza o estilo dos fanzines fotocopiados à moda antiga, com o toner esticado até ao limite. O mote para o fanzine é anunciado na parte inferior da capa "the urge to put on a suit and hide from the real world beneath a skin of idiosyncrasies".
Montagens, colagens digitais, com mascotes metamorfoseadas e adulteradas, como o Gil da Expo'98 e o dinossauro Barney sorrindo simpático, mas empunhando um machado a escorrer sangue.
O Godzilla, o Mickey Mouse e o Poupas da Rua Sésamo, em versão híbrida e com armas semi-automáticas ou medievais, pesadelos curtocircuitados a meio de uma emissão do Canal Panda. 
Skin, 2024, 12 págs, offset preto & branco, 20,5x29cm.

18 julho 2025

Mesinha de Cabeceira

Mesinha de Cabeceira #0
O fanzine Mesinha de Cabeceira (MdC) começou a ser editado em 1992 por Marcos Farrajota e Pedro Brito, pelo que comemorou 30 anos de existência em 2022.
Este número inaugural, apresentava como temas o Outono e as aulas, pois a estação era o Outono e a malta do fanzine era jovem e com o fim das férias de Verão ia regressar às aulas. O MdC pretendia adoptar um tema para cada edição, mas ia logo avisando que havia flexibilidade relativamente a esta matéria, o que foi bastante sensato - eles eram jovens, mas não eram tontos!
São apresentadas bd de Marte e Pedro Brito, de Rui Lacas e de Miguel Falcato.
Na vertente de divulgação musical, é publicada uma entrevista a uma banda completamente desconhecida com o nome de "Coca Cola Mentol & Conflitos".
Na rúbrica "Críticas Crípticas", Arlindo Horta escreve uma resenha sobre a novela gráfica "Arkham Asylum" de Dave McKean.
Na secção de notícias curtas "Rapidinhas", uma vez que não se consegue alinhavar nada sobre os The Smiths e sobre o filme "Naked Lunch" de David Cronenberg, falam sobre a morte iminente de um super-herói da DC Comics e também sobre o concurso de cartoon Amadora/92.
Também são publicados textos "incoerentes e marados" da amiga Ana.
Conheço o MdC praticamente desde o início e é um fanzine muito especial para mim, uma vez que acompanhou em simultâneo o meu crescente interesse por publicações amadoras. Fui assistido às suas diversas mutações: fanzine colectivo, outras vezes monográfico; da fotocópia à serigrafia; do preto & branco à impressão a cores; os vários tamanhos e formatos, os diversos tipos de papel, autores portugueses e estrangeiros... Ao longo de mais de 40 edições, o MdC apresentou-se sempre diferente, mas com uma notória evolução no trabalho de edição e publicação a cada novo número.
Muito mais haveria a dizer sobre o MdC, mas a melhor homenagem que lhe posso prestar é voltar a pegar nas suas edições, rever e ir deixando aqui algumas notas pessoais.
Julgo que me faltam alguns dos números iniciais, uma vez que o Marcos sempre recusou fazer reedições... O que faz algum sentido, quando se acredita que o melhor é o que está para vir!...
Mesinha de Cabeceira #0, Outubro de 1992, 24 págs, fotocópia a preto & branco; capa em papel cor laranja, 14,9x21cm. Tiragem: 100 exemplares. Edição: FC Komix.

Mesinha de Cabeceira #2 / #3
Número duplo editado por Pedro Brito e Marcos Farrajota, em estilo split-zine. A capa exterior é da autoria do artista Pedro Proença. Na capa da parte "Algumas Estórias Absurdas" (#2) surge uma colagem de Ana Dionísio, seguindo-se a bd "A Maldição do Pénis" de Arlindo, uma bizarra história negra, muito bem desenhada e ainda melhor escrita. Depois, duas pranchas de Guima (Ricardo Tércio), com muita confusão e cabeças mutantes. "Abuso de Menores" é uma bd de Lacas, envolvendo relações incestuosas e depravação.
Na parte "New Kids on the Bollocks" (#3), apresentam-se novos personagens e colaboradores a debutar nas páginas do MdC. Há uma prancha de "Alice - The Real Girl" com argumento de Marte e arte de Pedro Brito (também autor da capa desta parte). Depois um Folhetim Interactivo por Arlindo. Pelo meio, surgem umas tiras envolvendo complexos de Édipo, soldados bósnios e Joseph Volverin, por Miguel Falcato e Marcos Farrajota.
Nas "Críticas Crípticas" procede-se a uma recuperação engendrada por Marcos Farrajota de um texto de Domingos Isabelinho recolhendo uma série de "pérolas" encontradas nos escritos sobre bd publicados na imprensa nacional, atribuindo-lhes um galardão e tudo!
Antes de terminar, há ainda espaço para "Play Rats" de João Tércio.
Mesinha de Cabeceira #2/3, Setembro de 1993, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tiragem: 150 exemplares. Edição: FC Kómix. Barreiro.

Mesinha de Cabeceira #4
O tema deste quarto número "sangue novo", pretende dar visibilidade a novos autores ainda por publicar. A capa e contracapa são assinadas por Sandro. A primeira banda desenhada, intitulada "Folhetim - Parte 5" começa sempre com o mesmo pressuposto, derivando para desfechos diferentes. Segue-se "Lisboa Dá à Luz" por Vitor Santos, uma cidade em processo de transformação, parindo novos edifícios.
Na rúbrica "Criticas Crípticas", Marcos Farrajota relata os principais eventos do 7.º Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto. Depois, Deo apresenta a prancha "A Companhia dos Monstros". Logo de seguida, somos surpreendidos com a primeira bd de Gregório, às voltas com a sagrada trilogia do sexo, drogas e morte, que assombra a existência de muitos artistas.
Novo capítulo de "Criticas Crípticas", com Marcos Farrajota a insistir na banda Coca Cola Mentol & Conflitos (ver MdC #0).
Pedro Brito apresenta "Tédio!" bd sobre a falta de inspiração e de algo interessante para fazer. Antes da nova secção de correio dos leitores, é publicada uma ilustração de Pedro Proença. Nas páginas centrais, duas pranchas por Maria João.
Mira apresenta uma "bd montagem", sequenciando uma série de vinhetas de proveniências e estilos diversos, procurando uma possível narratividade. Depois, vem "Playrats" por João Tércio e uma nova bd de Gregório, desta vez, com guitarras distorcidas e multidões em delírio.
"Inadaptados" marca a estreia de Nunsky, com a bd mais extensa, exibindo todo o catálogo de criaturas que habitam o submundo da grande selva urbana: drogados, vagabundos, prostitutas e inadaptados. Quando os skinheads se cruzam no caminho, segue-se uma orgia de sangue e vísceras de carecas nazis, arrancadas a golpes de motosserra.
Mesinha de Cabeceira #4, Janeiro de 1994, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 14,9x21cm. Tiragem: 115 exemplares. Edição: FC Komix. Barreiro.

Mesinha de Cabeceira #6
A capa é da responsabilidade de Pedro Brito, que também desenha a bd "Homem-Transferidor", baseada no argumento de Marcos Farrajota. Segue-se a prancha "Ovelhas" de José Carlos Fernandes e também "Uma História de Amor" de Marcelão, editor do fanzine Over-12.
Destaque para a publicação de uma entrevista com Estrompa, responsável pelos fanzines Shock e Café no Park.
"Loverboy - O Empatas Industrial" da autoria de Marte, com o Loverboy a recorrer a todo o tipo de expedientes para tentar safar-se das suas responsabilidades "conjugais".
As últimas páginas são dedicadas a trabalhos rejeitados e à divulgação de prémios e concursos.  
Mesinha de Cabeceira #6 (1.ª edição), Outubro de 1994, 24 págs, fotocópia a preto & branco, 21x14,9cm. Tiragem: 30 exemplares. Edição: FC Komix. Barreiro.

Cerca de meio ano após a edição original, surge a 2.ª edição "aumentada e melhorada". Relativamente à primeira edição, desaparece o Loverboy e em contrapartida, entram novas bd: um cão americano tipo Pluto a mimetizar cenas do filme "Apocalypse Now"; "Playrats" de João Tércio; uma prancha humorística da dupla Geral & Derradé e também alguma bd autobiográfica de Marcos Farrajota. Há uma melhoria nítida na qualidade de reprodução das fotos do Estrompa a acompanhar a respetiva entrevista - era uma pena umas fotos tão boas estarem tão mal impressas!
Nesta nova edição há também mais texto como as "Críticas Crípticas" que versam sobre várias edições da responsabilidade de José Carlos Fernandes e também curtas resenhas sobre os novos números dos fanzines Classe Média e do BadSummerBoys. Outra novidade é a publicação da "Lista de Ódio" do Marcos e uma lista de nomes brasileiros muito bizarros.
Mesinha de Cabeceira #6 (2.ª edição), Fevereiro de 1995, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 21x14,9cm. Tiragem: 100 exemplares. Edição: FC Komix. Cascais.

Mesinha de Cabeceira #10
Editado por Marcos Farrajota / FC Kómix, em colaboração com a Associação Chili Com Carne, conta com capa e bandas desenhadas de Marcos Farrajota. A primeira parte deste número é preenchida com "Histórias de Noitadas, Deprês & Bubas", num estilo diarístico, algumas vezes escorregando na irrelevância, outras vezes (os melhores momentos) num estilo autobiográfico, que nos suscita a dúvida se o autor não estará a divagar e a ficcionar a sua vida e intimidade.
Segue-se a rúbrica "Críticas Crípticas" comentando diversas publicações alternativas como "Malus" de Christopher Webster e "Sourball Prodigy" de Mike Diana, ambas posteriormente editadas por M. Farrajota. No tocante aos fanzines nacionais, notas sobre Sub #1, Shock #19, Aardvark #3 e Atelier de Técnicas Narrativas - Curso de Banda Desenhada.
Daniel D. (Dias) apresenta uma bd sanguinolenta em duas pranchas. De seguida, um extenso artigo "Tolerância Zero" escrito por Mike Diana, narrando o seu caso com o sistema judicial americano devido ao seu fanzine "Boiled Angel".
Na última página, o "Rejeitados #8", com um desenho da Mariazinha por Rui Lacas, feito para um poster que nunca chegou a ser impresso.
Mesinha de Cabeceira #10, Novembro de 1996, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 21x21cm. Tiragem: 150 exemplares. Edição: FC Komix. Cascais.

Mesinha de Cabeceira #11


Mesinha de Cabeceira #11, Março de 1997, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 21x21cm. Tiragem: 150 exemplares. Edição: FC Komix. Cascais.

Mesinha de Cabeceira #12


Mesinha de Cabeceira #12, Julho de 1997, 32 págs, fotocópia a preto & branco, 21x21cm. Tiragem: 150 exemplares. Edição: FC Komix. Cascais.

16 julho 2025

Variações

Variações foi escrito e desenhado por Rudolfo entre os meses de Outubro e Dezembro de 2018. Teve duas versões diferentes - uma em português; e outra escrita em inglês. O desenho e as composições geometrizantes são simultaneamente rigorosos e hipnotizantes.
O autor apresentou esta publicação questionando "se alguma vez te perguntaste o que acontece quando ouves DEVO a toda a hora, não procures mais."
No entanto, o tiro de partida foi dado pela leitura do livro "Laranja Mecânica" e pela inquietação provocada pelas últimas páginas, com um efeito idêntico a um murro no estômago. Depois, toma consciência que a única constante na sua vida são as milhentas variações que fez sobre o tema "Mongoloid" dos Devo!
Divagações, monólogos, ensimesmado e muito auto-consciente numa deriva incessante, rodopiando até cair.
Variações #1, Dezembro de 2018,  20 págs, impresso a preto sobre papel cinza 90gr., 14,9x21cm. Edição: Palpable Press.

14 julho 2025

Mass Extinction of All Life

Mass Extinction of All Life #1
Fanzine negro da dupla Uganda Lebre e Tosco. Na primeira parte, "A Invasão de Cristo", apresenta textos de cariz satânico, ultra-violentos, com muita putrefacção, deformidades, doenças, e toda a podridão do mundo. Cada um dos textos é acompanhado pela respectiva ilustração. Os textos são sobre o "Homem do Clero", o "Senhor dos Vermes", "O Vampiro da Síria", "O Gato Negro", "Necromante", e "O Ser Imundo".
No segundo capítulo, "Vou Ser Mãe de uma Mulher que Matou a Filha", apresenta desenhos de Cristo em situações infames, com muitos genitais, felações, cruzes suásticas e cruzes invertidas, ou seja todo o catálogo de imagética satânica e blasfema.
Mass Extinction of All Life #1, Julho de 2013, 44 págs, impresso a preto & branco, 14,9x21cm., Edição: Cabidela Ninjas.

Mass Extinction of All Life #2
Nova descarga de negritude, agora reforçada com mais cavaleiros do apocalipse e o dobro das páginas. Neste segundo tomo, temos muito mais desenhos e menos textos, mantendo-se o tom ultra-violento, putrefacto, medieval e sem qualquer esperança ou ilusão sobre a humanidade - a completa extinção é o nosso destino fatal!
A publicação organiza-se em blocos dedicados aos trabalhos de cada um dos participantes: o primeiro bloco pertence a Uganda Lebre, com composições recheadas de caveiras, chifrudos, flora, aves, centopeias e reptéis, num registo gráfico negro, mas por vezes próximo da tatuagem e do graffiti.
Seguem-se os trabalhos de Tosco, mantendo-se o mesmo registo, mas em composições mais intrincadas, com muita decomposição e vísceras pendentes.
Os trabalhos de Lifos são encimados por uma sentença escrita em latim e uma ilustração sobre um fundo negro. Armaduras e elmos medievais, cenas de tortura cruel e iconografia variada completam os quadros.
Por seu lado, Oker apresenta uma série de desenhos misteriosos com títulos sugestivos como "Dom Cabidela", "Bagaço da Serpente", "Tormentos Mentais".
The Caver também aposta numa sequência de quadros encimados por uma sentença, por vezes escrita em latim, uma ilustração satânica meia grafitada ao centro e pequenas frases em rodapé.
Fullas contribui com textos interrogativos e descrentes: "Não há esperança. Apodrecemos tudo em que tocamos. Sejamos ceifados pela raíz."  
Mass Extinction of All Life #2, Maio de 2015, 92 págs, impresso a preto & branco, 14,9x21cm., Edição: Cabidela Ninjas.

11 julho 2025

Confidências do Exílio

Num tempo em que se comemoram 40 anos sobre a edição do fanzine Confidências do Exílio, foi realizada uma reedição conjunta quase fac-similada (limitada a 50 exemplares) dos 4 números originais, autenticada com o carimbo utilizado pelo colectivo "Novo Fogo e Arte", constituído por João Loureiro, Luís Miguel Novais, Luís Freixo, Rui Sousa e Esmael Correia.
Confidências do Exílio foi uma publicação feita no Porto durante o ano de 1985 e que durou quatro números. A temática principal era a música, mas as suas páginas eram permeáveis a outros assuntos de índole política, social e cultural.
Neste primeiro número, nota-se uma forte identidade regional, com textos muito críticos ao centralismo lisboeta e prestando uma atenção especial ao que se ia fazendo nos meios mais alternativos nacionais.
Como era característico nos anos oitenta do século passado, a composição e montagem do Confidências do Exílio era elaborada na base do "corta e cola" - sobre uma imagem de fundo variada, iam sendo adicionados textos dactilografados e algumas fotografias e ilustrações.
Um dos textos mais importantes deste número inaugural é "80's - Os Discos e o Pop/Rock em Portugal" apresentando uma panorâmica geral sobre o estado da nação musical, muito cáustico para as editoras e críticos musicais, e depois elaborando um balanço sobre os discos lançados desde 1980, atribuindo-lhes uma classificação de 1 a 4 pontos.
São divulgadas novas bandas como os Martinis, os Bramassaji e os Prece-Oposto. Publica-se também uma entrevista a Rui Sousa, um dos promotores do "Porto Rock 85". Segue-se a rúbrica "...Et Caetera" com inúmeras notícias breves sobre o meio musical e artístico.
Com o título "O Novo Rock Europeu" escreve-se sobre a banda alemã Der Deutsche Adel. A rúbrica "33x45" apresenta críticas ao disco homónimo de Mler Ife Dada, ao álbum “The Waking Hour” de Dalis Car, a “Le Chant Des Terres” de Marc Seberg e ao já antigo “VU” de The Velvet Underground.
A primeira edição do Confidências do Exílio termina com um breve roteiro com sugestões sobre o que se pode fazer na cidade de Vigo, dando o mote para uma forte conexão com a Galiza.
Confidências do Exílio #1, Maio de 1985, 18 págs, fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Edição: Novo Fogo e Arte. Porto.

10 julho 2025

3.º Concurso de Banda Desenhada

Colectânea dos trabalhos premiados no 3.º Concurso de Banda Desenhada promovido pela Junta de Freguesia de Olhão, assumindo como tema a vida de uma personalidade ligada à cidade de Olhão. O tema designado foi "O Ilustre Olhanense - Dr. Francisco Fernandes Lopes". Participaram nesta edição do Concurso sete concorrentes, tendo o primeiro prémio sido atribuído ex aequo a José Mário Serafim e a Pedro Miguel Veliça.
Esta publicação dá à estampa os trabalhos premiados com os primeiros e segundo prémios, bem como as menções honrosas atribuídas. O desenho da capa foi da autoria de Sónia Silva.   
A banda desenhada "Com Vista para o Mar 1884-1969" de José Mário Serafim,  utiliza o preto e branco, com colorações a cinza, conseguindo em poucas páginas, apresentar uma panorâmica geral sobre a vida do médico e musicólogo olhanense, hoje praticamente desconhecido.
"Francisco Fernandes Lopes - O Super-Olhanense" é o título da outra bd que obteve o 1.º prémio. O jovem autor Pedro Veliça utiliza uma abordagem cheia de humor e boa disposição para descrever o percurso do homenageado, num desenho a lápis de cor bastante eficaz.
O segundo prémio foi atribuído ao jovem autor Miguel Mendonça, que apresenta com traço seguro uma breve súmula da vida de 
Francisco Fernandes Lopes, com enfoque na sua actividade de médico, professor e divulgador musical.
Uma menção honrosa foi para Hugo Moreira que compôs um retrato num estilo mais apologético do homenageado. A outra menção honrosa foi para Tiago Manuel Leal que concorreu com uma divertida bd muda.                                                           
3.º Concurso de Banda Desenhada, 2003, 48 págs, impresso a cores, 14,9x21cm. Edição: Junta de Freguesia de Olhão.

08 julho 2025

Sons

Ainda sobre os Sons, temos este fanzine colectivo, que pode ser visto como o sucessor do Apókrifo, desenvolvido à volta dos sons que nos rodeiam. Para começar, apresentam uma definição do significado da palavra "som", seguindo-se diversas bandas desenhadas curtas da autoria de Amadeu Escórcio retratando os sons emitidos na calada da noite quando dormimos, os sons da mastigação quando comemos, os sons da música quando é tocada ou escutada.
Há também um texto de A. M. Rodrigues intitulado "Ouvir o Silêncio", deambulando confuso no meio do ruído, devido a problemas de audição. Segue-se uma ilustração flatulenta de David Frost.
Republicam-se duas bd de título "Na Véspera", que contam os sonhos (pesadelos?!) de um músico a ser assombrado pelo aparecimento da Taylor Swift no meio do seu sono.
Neste Sons colaboram ainda Isa Bruno e Lis Fangueiro, com trabalhos de banda desenhada e de ilustração. Para terminar, o silêncio depois dos rumores amorosos emanados no calor de uma noite de Verão.
Sons, Maio de 2025, 20 págs, impresso a cores, 14,5x20,4cm. Edição: O Gato Que Mia. 

06 julho 2025

Autumn. The Wind in the Tree, the Wind in the Water

Inserido num projecto de publicação de quatro livros de banda desenhada a serem lançados ao longo do tempo, cada um dedicado a uma estação do ano e apresentando um conto surrealista baseado nos sonhos da artista Joana Escoval. Autumn. The Wind in the Tree, the Wind in the Water é a primeira das quatro estações do ano, e nela Joana Escoval convidou Hetamoé para colaborar num formato específico de mangá.
Publicado pela Kunsthalle Lissabon, em colaboração com a Galeria Vera Cortês, está escrito em japonês e inglês, e teve design de Atlas.
Hetamóe apresenta este trabalho como “mangá global” para ser lido na direção de leitura japonesa (direita para a esquerda), desenhado digitalmente usando programas populares nas fandoms de animé, como o Comipo! e o PaintTool SAI. O som, representado através das onamatopeias em hiragana (o único texto nesta BD “muda”), assume um papel particularmente importante no desenrolar da história.
"Baseado num sonho da Joana sobre raparigas caminhando pela floresta, Autumn retrata a viagem da Heroína e das suas mutações, à medida que segue uma Matriarca e o seu exército feminino entre as árvores e o vento, penhascos e lagoas. Os vestidos vermelho-vivo, as folhas que caem, os cogumelos e a luz refletida na superfície da água e nos olhos das raparigas tudo envolvem em tons outonais fogosos, contrastando com os ocasionais silêncios e espaços em branco. Ao longo da história, reina a ambiguidade. Serão estas raparigas humanas ou engrenagens num organismo maior, como um fungo? Serão os seus vestidos anacrónicos à la Marie-Antoinette uma peça de vestuário, ou a sua própria pele? O que é o estranho apêndice em forma de cobra no peito da Matriarca? E a mancha preta no da Heroína?
Como qualquer sonho, Autumn apresenta um enigma a ser decifrado, revelando silenciosamente os seus segredos quando o inspecionamos a fundo. Ainda assim, as respostas podem escapar-se, levadas como uma folha nas correntes de água."

Autumn. The Wind in the Tree, the Wind in the Water, Dezembro de 2019, 28 págs, offset a cores, 16,5x23,3cm. Tiragem: 400 exemplares. Edição: Kunsthalle Lissabon. Lisboa.

03 julho 2025

Revista Morte

Revista Morte #3
Publica-se a terceira parte da história "Genis - Perigosamente Rápido!" escrita por Fernando Simão e desenhada por Daniel Baptista.
Como é habitual na Revista Morte, temos violência servida para todos os gostos: lutas corpo-a-corpo, atropelamentos, facas voadoras, tiroteios, etc. O estilo gráfico oscila entre o Frank Miller esboçado do "Sin City" e alguns espectros de super-heróis pós-apocalípticos desprovidos de qualquer resquício de virtude.
Mulheres voluptuosas, vernáculo e misoginia e nenhum peso na consciência!
Revista Morte #3, Janeiro de 1995, 24 págs, fotocópia a preto & branco; capa em papel colorido, 14,9x21cm. Edição: Estúdios Matar Até Fartar!!! Lisboa.

Revista Morte #7
Neste número #7 da Revista Morte, com o subtítulo "O Culto da Carne, os autores - Fernando Simão (argumento) e Daniel Baptista (desenhos) apresentam a luta entre Amon, um imortal apaixonado por uma mulher normal, à qual ele transmite o dom da imortalidade. Devido a isso, ele é renegado pela sua família e tem ainda que ajustar contas com Clairmont, seu antigo discípulo e agora seu arqui-rival, que  pretende roubar-lhe o dom da imortalidade.
Quando Clairmont se convence que Amon está morto, ele ressurge para vingar-se de todas as maldades que sofreu. Pelo meio, muitas iguarias canibalescas servem de banquete aos personagens.
Revista Morte #7, Abril de 1997, 28 págs, fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm, Lisboa.

Revista Morte #8
 
As multidões amotinam-se com o prenúncio do fim do mundo, os psicopatas delirantes vagueiam pela cidade, o demónio encarna na morgue de um hospital público, dizimando tudo à volta... Eis que é chamado Simon Seven para enfrentar a ameaça. Surge um padreco armado com a cruz e a Bíblia em punho para enviar o demo de volta para as trevas, mas o diabo ridiculariza-o antes de o trucidar. O céu carregado vai entretanto desvanecendo-se, e aparentemente a normalidade regressa à cidade, mas para Simon nada será como dantes...as sequelas do embate com o diabo começam a manifestar-se. Acreditar é morrer.
Nota-se uma evolução substancial relativamente ao número anterior, com desenho aprimorado de Daniel Baptista e escrita escorreita e bem humorada de Fernando Simão.
Revista Morte #8, Outubro de 1998, 32 págs, impressão laser capa a cores; miolo a preto & branco, 20x28cm, Lisboa.

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