Comtrastes
Excelente fanzine colectivo coordenado por João Fazenda, contendo banda desenhada, textos, fotografias e ilustrações.
A primeira banda desenhada é "O Seio Nú" da autoria de Vitor Santos, baseando-se no conto homónimo de Italo Calvino. Segue-se outra bd, intitulada "O Disco" desenhada a tinta-da-china aplicada em pinceladas soltas por Mir.Ra.
"Fuel Moon" de José Carlos Fernandes, ou como uma sequência banal de acontecimentos domésticos espoleta uma reacção incendiária.
José Luis Peixoto, Alice P. e Tozé Lopes contribuem com pequenos textos poéticos. "Fragmentos Checos" é o título de um conjunto de fotografias de Maria Cerdeira captadas no período pós-comunismo.
Reunidos sob o título "Sentimentos", três autores discorrem, cada um à sua maneira, sobre a Melancolia (Rui Lacas), Raiva (Guima) e Vergonha (Arlindo).
Duas páginas "Anda Ground" com um pequeno texto sobre a indústria discográfica nacional e resenhas ao disco de estreia de Bizarra Locomotiva e à compilação "Art of Life". Apesar de não estarem assinados, diria que foram escritos por Marcos Farrajota.
"Parece Ela" de Pedro Brito é um mergulho nas recordações de infância confundidos com uma tentativa falhada de engate.
João Fazenda apresenta a bd "O Ganso", adaptando livremente a crónica "Lidoro Silva, dito o Ganso" de José Cardoso Pires.
A fechar, o texto "Uma página nula para completar as 40 páginas do fanzine" de Marcos Farrajota. Depois de um inicio com as habituais diatribes ajustando contas com o meio bedéfilo nacional, Farrajota vai disparando em todas as direcções, reflectindo sobre a inutilidade da maior parte dos fanzines colectivos portugueses e propondo diferentes abordagens, como a edição de fanzines temáticos (ou com um conceito) e de fanzines de apenas um autor. Termina questionado "fanzines não-coerentes porque é que vocês existem?"
Comtrastes #2, Novembro de 1994, 40 págs, fotocópia a preto & branco; capa em papel colorido, 19,1x29,7cm. Lisboa.