15 novembro 2025

Desterrado

"Desterrado" é o nome de um álbum gravado em CD-R por Ramrife com oito temas, que vem acompanhado de um fanzine composto por material visual desenvolvido por André Coelho. A música é maioritariamente instrumental, com excepção do tema "Desterrado" que conta com a voz de Mariana Lemos a recitar fragmentos da obra "Os Limites da Paisagem" de Manuel João Neto. Estes fragmentos textuais também surgem nas páginas do fanzine, a acompanhar os trabalhos de montagem e colagem de imagens fotográficas retratando diversos objetos encontrados, inseridos em ambientes cinzentos e carregados com a poeira do tempo em lenta decomposição.
Adoptando "A queda dos deuses arrasta consigo as estátuas" de Ernst Junger como conceito predicável, a decadência e a devastação surgem como consequências inexoráveis da ruina da humanidade nas suas formas materiais e simbólicas.
André Coelho referiu sobre este trabalho que "em contraste com os meus outros trabalhos visuais, desta vez concentrei os meus esforços na criação de micro-cenários esculturais e montagens com found objects e detritos, submetendo-os ao tempo e ao pó, enquanto os misturava com ilustração e pintura. Estas composições visuais têm como objetivo estabelecer um diálogo com a música, os escritos e os recortes textuais de Ramrife."
Desterrado, Janeiro de 2025, 52 págs, impresso a preto & branco; capa em papel craft, 14x19cm.  Tiragem: 75 exemplares. Edição: Khthon. Porto.

14 novembro 2025

Barba

Uma gaivota furiosa com barba pendurada por baixo do bico serve de capa a esta publicação dinamizada por um grupo de jovens artistas formados na Faculdade de Belas Artes do Porto. Os trabalhos publicados são bastante heterogéneos, vincando a personalidade de cada autor, embora as questões ligadas ao processo e ao meio artístico sejam transversais a diversos trabalhos.
A abrir, um desenho de Nuno Sousa num exercício de ventriloquismo, antecede um editorial cheio de lacunas, de espaços por preencher no meio das frases, sugerindo uma ideia de publicação em aberto.
Depois, um ditado numa folha do caderno diário, ao estilo da antiga escola primária, discorre sobre o texto "O que é um autor" de Michel Foucault.
A arte e os seus mecanismos de legitimação e afirmação, a política e os acontecimentos marcantes, o sistema de ensino artístico, o academismo e os seus próceres, são abordados com refinada ironia e humor cáustico em páginas de falsa publicidade, de classificados e de consultadoria artística, e com notória acutilância nos trabalhos de Nuno Sousa e Carlos Pinheiro.
Miguel Carneiro publica duas pranchas protagonizadas pelo seu personagem Monsieur Pignon. Marco Mendes contribui com dois desenhos intimistas em ambiente doméstico. Os restantes participantes são Scotch, Bruno Monteiro, Tatiana Santos, João Marçal, zE, Marta  Bernardes, Rui Lima, Iva Correia, Mónica Faria e Helena Reis.
Barba, Junho de 2005, 40 págs, impresso a preto & branco; capa em serigrafia, 14,5x21cm. Edição: Senhorio. Porto.

12 novembro 2025

Fragosela-De-Baixo-Mix Quinta XX XXXXXX 1995-96

Comentário de NovoMajor no Instagram: "Narrativa breve, mas vincada, partilhada pelo Miguel há muitos anos e cujo contexto vem revelar um pouco mais da realidade micro que o recente documentário "Paraíso" revelou em macro: coisas que aconteceram nos anos de implantação da cultura rave em Portugal.
O centro a colonizar a periferia ou uma descentralização saudável? O festival de amor mitificado por quem não viveu a época transforma-se aqui num empreendimento DIY planeado para servir a vontade em estar No Tempo Certo, na pista cultural certa.
Numa escala e ambiente diferentes das "raves" que aconteciam pelo país, esta não foi uma tentativa de organizar uma rave e sim de transportar a sua mecânica e música para uma situação conhecida de muitos: fim-de-ano com amigos."
Segue-se o texto de apresentação publicado pela Flur: "Grupo de amigos e conhecidos junta-se na zona de Viseu para celebrar mais uma passagem de ano. Detalhes exaustivos da logística e quem vai, quem se encontra, o que fazem, o que tomam, o que veem. À relativa banalidade da situação acrescenta-se uma camada de época relacionada com um estilo de vida que gravitava em torno da cultura de música de dança. 2M, assim anónimo mas real, já acumulara experiência rave e professava uma modernidade urbana, convencida, crente no centro de actividade e acção, pouco interessada na periferia e no "naturalismo". 10 anos mais tarde concebia o ambiente vídeo na melhor discoteca de Lisboa.
Tiradas secas, sarcásticas, alguns traços da idade (25 anos) a perdoar por quem já lá passou, com certeza a questionar por quem não se revê no tom da narrativa e por quem, 30 anos depois (agora), lê shaming em toda a parte. Eram os anos 90. Em Portugal. Pré-telemóveis e pré-internet generalizada. Um país rock a mudar aos poucos. A XFM a contrubuir. O Alcântara-Mar a contribuir. A Rotunda de Alcântara.
Um tempo em que, como se sabe e está documentado, em muitas discotecas só se ouvia house e techno a partir das muitas da manhã. Era assim no Day After, em Viseu, um dos cenários nesta história. Outro cenário, o principal: uma Quinta nas proximidades da cidade. Prepará-la para festa, habitá-la nesses dias.
Também os relacionamentos. O que correu mal, o que correu bem, o que foi chato e o que foi incrível. Sociologicamente, os embates entre gente com referências musicais diferentes. Um fosso, como sabe quem leva a música a sério. Entre gente com opções de vida diferentes. Outro fosso, e bem explícito. Piadas e comentários hoje em dia impensáveis.
Tudo descarregado da memória em poucos dias, após os factos. Preservou-se a escrita fluída, com inícios de frases em letra minúscula. Adaptaram-se umas aspas. Fizeram-se parágrafos para facilitar a leitura. Local específico rasurado. Os nomes, CLARO, todos transformados. Em código para proteger personalidades. De resto, em princípio, tudo verdade. E no momento apropriado, «os olhos cheios de rave», a expressão poética que ficou no grupo desde que C2 a ouviu de uma colega, quando um dia chega ao emprego praticamente de directa no regresso de uma rave no Alentejo. Embutida na ficha técnica, ligação para uma mixtape com o alinhamento das duas cassetes representadas nesta publicação.
Escrito há 30 anos, este relato esteve dormente enquanto instantâneo não tanto de uma época mas de uma postura cultural e até social do seu autor e outros elementos do grupo que se juntou para uma passagem de ano em 1995-96."
Fragosela-De-Baixo-Mix Quinta XX XXXXXX 1995-96, Julho de 2025,  20 págs, risografia a preto & branco, 14,2x20,2cm. 2.ª Tiragem: 50 exemplares. Edição: Holuzam. Lisboa.

11 novembro 2025

We Love KISMIF!

No âmbito do evento Keep It Simple; Make It Fast! (KISMIF!) realizado em Julho de 2015 no Porto, foi lançada esta publicação bilingue editada por Paula Guerra e Esgar Acelerado. O mote para a edição da KISMIF Conference 2015 foi 'Crossing Borders of Underground Music Scenes', que de certa forma, justifica os convites aos artistas participantes nas exposições realizadas na Faculdade de Letras e em outros locais da cidade do Porto.
No geral, KISMIF! é um evento inserido numa lógica de institucionalização e academização de manifestações culturais mais alternativas e subterrâneas, cuja principal protagonista em Portugal é Paula Guerra.
Os autores convidados foram Anoik, que expôs uma série de trabalhos gráficos e cartazes para festivais e concertos musicais.
João Belga, cujo imaginário artístico é muito influenciado pelo rock e pela literatura mais alternativa.
As influências dos videojogos, do Pokémon, das capas dos discos de heavy metal são notórias nos trabalhos de Rudolfo (autor da capa desta publicação). A música é uma constante na sua vida e nas bandas desenhadas que vai criando, destacando aqui os trabalhos publicados em Molly.
Esgar Acelerado é outro participante com vasta produção gráfica ligada ao universo musical, passando pela criação de editoras discográficas, capas de discos, cartazes, ilustrações e banda desenhada.
10 capas de discos icónicos foram recriadas por Júlio Dolbeth para a exposição. Os discos escolhidos foram clássicos como 'Kind of Blue' de Miles Davis, 'Heroes' de David Bowie, 'Thriller' de Michael Jackson, entre outros.
Ondina Pires apresentou os seus trabalhos gráficos, com colagens e composições pop bizarras, com a música como pano de fundo.
A dupla Sardine & Tobleroni apresentou a exposição 'We Love 77' contando com 77 pinturas representando outras tantas bandas influentes do universo punk e rock, desde as bandas precursoras até aos cultores contemporâneos.
We Love KISMIF!, Julho de 2015, 40 págs, impresso a preto & branco, 14x20cm. Edição: Universidade do Porto.

09 novembro 2025

Nemo (2.ª Série)

Nemo #1
Nemo #1 (2.ª Série), Novembro de 1989, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #2
Nemo #2 (2.ª Série), Fevereiro de 1990, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #3
A segunda série do Nemo apresenta-se com o subtítulo "O Fanzine dos que Gostam de B.D.", em tamanho A4 e periodicidade trimestral. Neste terceiro número, um dos destaques é o extenso artigo "Mickey e Gottfredson" assinado por M. Nöel Hantonio (pseudónimo de Manuel Caldas) sobre o longo período em que Floyd Gottfredson foi responsável pelo desenvolvimento das tiras do célebre rato.
A rúbrica "Miudezas" discorre sobre a rivalidade entre o norte e o sul no campo da bd, envolvendo o CPBD de Lisboa e o CNBDC do Porto. Referência também para a publicação da série "Calvin & Hobbes" em Portugal e para o livro "America's Great Comic-Strip Artists".
O outro destaque é a versão completa do artigo "A BD italiana vista por um leitor português" de João Paiva Boléo, que havia sido publicado truncado anteriormente.
A finalizar, Jorge Guerra escreve sobre "Maus" de Art Spiegelman e Manuel Caldas referencia a passagem de Jacques Martin, criador de Alix, pela Póvoa de Varzim.
Na última página, é reproduzida uma prancha intitulada "Um Dia Escorregadio" do desenhador norte-americano A. B. Frost, publicada no longínquo ano de 1883, com a curiosidade de ser 10 anos anterior à data oficial do nascimento da bd americana.
Nemo #3 (2.ª Série), Maio de 1990, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #4
Nemo #4 (2.ª Série), Agosto de 1990, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #6
Nemo #6 (2.ª Série), Fevereiro de 1991, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #8
Nemo #8 (2.ª Série), Agosto de 1991, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #10
Nemo #10 (2.ª Série), Fevereiro de 1992, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #12
Nemo #12 (2.ª Série), Agosto de 1992, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #13
Nemo #13 (2.ª Série), Dezembro de 1992, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #19
Nemo #19 (2.ª Série), Junho de 1994, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #20
Nemo #20 (2.ª Série), Novembro de 1994, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #21
Nemo #21 (2.ª Série), Março de 1996, 32 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #22
O Nemo é, indiscutivelmente, um dos melhores fanzines editados em Portugal sobre a temática da banda desenhada (e não é apenas devido à concorrência não ir a jogo - o Nemo é mesmo bom!!).
Este número, apresenta na capa "Concrete" de Paul Chadwick. São publicados textos e ensaios de praticamente toda a gente que escrevia sobre bd em Portugal, como Domingos Isabelinho, João Ramalho Santos, João Miguel Lameiras, António Dias de Deus (texto sobre a obra do argentino Horacio Altuna) e do editor Manuel Caldas.
Nota também para a publicação do texto onde Bill Watterson explica as suas razões para ter terminado com a famosa série "Calvin and Hobbes".
Nemo #22 (2.ª Série), Junho de 1996, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #23
Nemo #23 (2.ª Série), Setembro de 1996, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #24
Nemo #24 (2.ª Série), Dezembro de 1996, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #25
Nemo #25 (2.ª Série), Março de 1997, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #26
Nemo #26 (2.ª Série), Junho de 1997, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #27

Neste número, João Miguel Lameiras escreve um breve apontamento sobre os primeiros trabalhos de José Carlos Fernandes. Domingos Isabelinho discorre sobre diversos tópicos em volta da arte e da banda desenhada, retomando alguns tópicos do ciclo 1996 - Hoje, a BD, passando por "Maus" de Art Spiegelman e pela "A Arte Suprema" de Zink e Gonçalves.
O regresso em força dos heróis é o tema desenvolvido por João Ramalho Santos. O mesmo autor escreve sobre a série "As Torres de Bois-Maury" de Hermann.
Num artigo de maior fôlego, intitulado "Dois Europeus no Sertão" João Miguel Lameiras cruza as obras "Caatinga" de Hermann e "O Homem do Sertão" e "Samba com Tiro Fixo" de Hugo Pratt, versando o universo dos cangaceiros do interior do estado da Baia.
"BD Escolar" é o tema escolhido por António Dias de Deus, fazendo uma digressão sobre a utilização da ilustração e da banda desenhada no ensino em Portugal.
"Os Argumentos Económicos para a (In)existência de uma Revista de BD em Portugal" é o título de um artigo de Álvaro Silveira.
Nas "Crónicas de Saturno" Domingos Isabelinho apresenta a segunda parte de "Simplismo e Distanciação - Do "Midcult" à Autenticidade".
"O Crepúsculo do Herói" é o título de um texto de Leonardo de Sá sobre a distribuição de publicações brasileiras em Portugal, remontando ao mensário "O Herói". 
Nemo #27 (2.ª Série), Setembro de 1997, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 80 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #28
Nemo #28 (2.ª Série), Dezembro de 1997, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #29
Nemo #29 (2.ª Série), Março de 1998, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

Nemo #30

Nemo #30 (2.ª Série), Junho de 1998, 30 págs, offset a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 99 exemplares. Póvoa de Varzim.

07 novembro 2025

Os Cityados


Os Cityados reúne um conjunto de histórias covidianas de Amadeu Escórcio. As máscaras da moda e as descartáveis, os confinamentos, o tráfico de álcool gel, os cumprimentos com o cotovelo, os desconfinamentos, o distanciamento social, as escoltas policiais às carrinhas que transportavam as vacinas, as viseiras e as protecções de acrílico, as aulas online e o teletrabalho, tudo entrelaçado num quotidiano que se alterou subitamente por um vírus que ameaçava alterar a ordem estabelecida no mundo.
Aconteceu há tão pouco tempo, mas parece algo tão distante que "talvez mesmo essas coisas, um dia, serão agradáveis de lembrar".
Os Cityados, 2020, 40 págs, impresso a preto & branco; capa a cores, 14x19,8cm. Edição: Visconde de Seide.

05 novembro 2025

JuveBÊDÊ

JuveBÊDÊ #4
Após meio ano de existência, confirma-se a consolidação do projecto, sob a direcção e coordenação de Miguel Coelho. Aumentam o número de páginas e também os apoios públicos e privados ao JuveBêDê.
Há notícias sobre o lançamento de novos álbuns, sobre o fim da histórica revista À Suivre e sobre algumas iniciativas dinamizadas pela Associação Juvemédia.
São publicadas quatro pranchas de "Loco Laser" da autoria de Augusto Gomes. Por seu turno, Luís Lopes contribui com a bd "Pois é, pois é!!!". Por último, é publicada a prancha de José Carneiro "A Escola" já datada de finais de 1983!
Os destaques vão para a cobertura do IX Salão Internacional de BD do Porto. Ainda durante o Salão, foram contactados os autores norte-americanos Tom Hart e Jason Lutes.
Tendo como pano de fundo a exposição sobre o Tio Patinhas apresentada no Salão, é publicado um texto sobre Carl Banks, o criador do pato forreta e uma entrevista a Don Rosa, responsável pela continuação das histórias do Patinhas.
A finalizar este número, são publicadas duas entrevistas aos autores Christian Denayer e a Leo.
JuveBÊDÊ #4, Novembro de 1997, 20 págs., impresso a preto & branco; capa a cores, 21x29,7cm. Edição: Associação Juvemedia. Lisboa.

JuveBÊDÊ #26
Este número do Boletim de banda desenhada da Associação Juvemedia destaca um conjunto de edições portuguesas em álbum de autores como Hermann, Comès, Zep e Juan Canales.
A nível internacional, fazem a cobertura da 30.ª edição do Festival de Angouleme, que atribuiu o Grande Prémio ao francês Régis Loisel.
Na rúbrica "Juve Internacional" são apresentadas diversas edições de álbuns de bd, com predominância total de autores franco-belgas e um ou outro italiano.
O 1.º BD Fórum a realizar no mês seguinte é destacado como um dos maiores eventos realizados em Portugal na área da banda desenhada, com a presença de inúmeros autores internacionais e diversos lançamentos a ocorrerem paralelamente ao evento. O BD Fórum marcaria o inicio da actividade da editora espanhola NORMA em Portugal. Também estava prevista a entrega dos Prémios Central Comics 2002, durante o evento.
No tocante à publicação de bd, este número do JuveBÊDÊ, conta com duas pranchas humorísticas da autoria de Ricardo Ferrand.
Na rúbrica "Juve Portugueses" são recenseadas as edições em álbum no mercado nacional das editoras Meribérica/Liber, Edições ASA, Vitamina BD, Devir, Booktree, Witloof e Gradiva.
Miguel Coelho republica o texto "Investigação em 2002: Um Balanço" na sua versão integral, pois o texto terá sido amputado de algum do seu conteúdo pelo grande censor Sr. Marcos Farrajota, aquando da sua publicação original no sítio da internet da Bedeteca de Lisboa.
Na rúbrica "Juve Breves" são divulgados diversos eventos relacionados com a bd e algumas edições previstas para breve.
A terminar, assinala-se a passagem de 20 anos desde a morte de Hergé em Março de 1983. 
JuveBÊDÊ #26, Abril de 2003, 32 págs., impresso a preto & branco; capa a cores, 21x29,7cm. Edição: Associação Juvemedia. Lisboa.

JuveBÊDÊ #58
O destaque deste número são as sardinhas protagonistas das Festas de Lisboa. Temos sardinhas por todo o lado - na capa, contracapa e em várias páginas interiores. O outro destaque vai para a 6.ª edição do Ilustrarte - Bienal Internacional de Ilustração para a Infância, que contou com grande participação de ilustradores estrangeiros.
São publicadas diversas notícias breves sobre novas publicações lançadas em álbum, como "A Batalha de 14 de Agosto de 1385" de Pedro Massano, "João de Deus - A Magia das Letras" de José Ruy, "Portugueses na Grande Guerra (1914-1918)" de Batista Mendes, bem com a reedição de "Maus" de Art Spiegelman, "O Essencial de Calvin & Hobbes", de Bill Watterson, entre outros.
Nas páginas centrais, assinalam-se os 50 anos de criação de Mafalda pelo argentino Quino. Seguem-se diversas notícias na rúbrica "JuveBD Breves" com notas sobre o World Press Cartoon, a edição n.º 137 do Boletim do CPBD, a morte do desenhador belga Philippe Delaby, uma exposição de André Carrilho, o CartoonXira 2014, exposição de Madalena Matoso no CPBDI, o lançamento de "Heróis de BD no Século XXI" organizado por Geraldes Lino, os vencedores dos Troféus Central Comics, a 1.ª Mostra do Clube Tex Portugal, a venda por preço recorde do primeiro livro de aventuras do Super-Homem, e outras tantas do género.
Na rúbrica "JuveBD Portugueses", destaca-se a edição dos álbuns "Eusébio - Pantera Negra" de Eugénio Silva, "O Juiz de Soajo" da autoria de José Ruy, "As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy - Requiem - III" de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa e também "As 7 Cores de Oníris - A Grande Aventura" de Rita Vilela.
Nas edições internacionais, destaque para o lançamento de "Alix Senator 2", "Canardo" por Sokal, "Errance en Mer Rouge" da autoria de Joël Alessandra e "Africa Dreams" de Jean-François Charles, Maryse Charles e Frédéric Bihel.
A finalizar, um desenho de Leo e uma montagem com diversas imagens de filmes de animação e de super-heróis inspirados em personagens nascidos na banda desenhada.
Este número tem como redactores apenas Carlos Fernando Cunha (também Director) e Alexandra Sousa e está bastante fracote em termos de conteúdo. 
JuveBÊDÊ #58, Novembro de 2014, 24 págs., impresso a preto & branco; capa a cores, 21x29,7cm. Tiragem: 200 exemplares. Edição: Associação Juvemedia. Lisboa.

JuveBÊDÊ #89
A comemorar 25 de existência, o JuveBÊDÊ surge numa edição integralmente impressa a cores e dedicada praticamente em exclusivo à cobertura das edições de banda desenhada lançadas no mercado nacional. Não deixa de ser surpreendente a enorme quantidade eventos e de livros publicados no curto espaço de meses. Falamos de festivais, exposições, programas de rádio, prémios anuais, concursos, festas de lançamento, tertúlias, feiras e mercados, e por aí fora.
As páginas centrais são dedicadas ao 17.º Festival BD de Beja e há também referência à 23.ª edição do Cartoonxira, adivinhando-se no horizonte o Amadora BD e o Comic Con.
No entanto, o destaque absoluto vai para o manancial de livros de autores nacionais e internacionais que se sucedem a um ritmo inimaginável há uns anos atrás, sinalizando uma dinâmica editorial sem precedentes, protagonizada por editoras como a Arte de Autor, Escorpião Azul, Gradiva BD, G. Floy, Relógio D'Água, A Seita, Polvo, Ala dos Livros, Levoir, Saída de Emergência, Sendai, Chili Com Carne e outras mais.
Não há fome que não dê em fartura!... 
JuveBÊDÊ #89, Setembro de 2022, 24 págs., impresso a cores, 21x29,7cm. Tiragem: 250 exemplares. Edição: Associação Juvemedia. Lisboa.

04 novembro 2025

Cardos Maduros

Uma soberba publicação vagueando entre a banda desenhada e as paisagens poeirentas e perigosas dum México imaginado pelo desenhador Diniz Conefrey e por Maria João Worm. Uma estranha geografia, mais mitificada que real, povoada por criaturas faunos e cinocéfalos acossados, enredados num destino tingido de fogo e sangue. Ao longe, escutam-se os sinos nos campanários e o riso das crianças.
Esta publicação foi apresentada assim: "Cardos Maduros expõe uma reflexão sem tempo. Uma viagem dentro de viagens e momentos vividos entre a experiência pessoal e o universo literário de Juan Rulfo exposto nas imagens. Ecoando nessa multiplicidade, a constatação dos indícios sobrepostos nas vivências mais simples, que atravessam a narrativa, para se encontrarem numa elegia onde os afectos emergem entre a crueza de histórias perdidas."
Cardos Maduros, Junho de 2019, 40 págs., risografia a duas cores sobre papel Favini Burano Grigio Pietra 200g (capa), Favini Burano Grigio 140g (guardas) Munken Print White 90g (miolo), encadernação com costura ponto corrido, 16,3x21,7cm. Tiragem: 93 exemplares. Edição: Atelier 3|3 / Mundo Fantasma / Quarto de Jade. Porto.

31 outubro 2025

O Moscardo

O Moscardo #1
Excelente fanzine informativo da responsabilidade de Arlindo Horta e de Jorge Guimarães. No editorial, referem que "Gostaríamos de ser incomodativos. Não negamos ser esse o nosso principal objectivo. Acreditamos que Portugal só irá p'rá frente se houver uma agulha que lhe pique o cú. Não será presunçoso dizer que pretendemos ser pelo menos um alfinete no que se aplica à BD portuguesa".
Nesse contexto, descascam em Rui Brito e em Miguel Esteves Cardoso, nos espanhóis editados em Portugal, no Clube Português de Banda Desenhada (CPBD) e em quem mais lhes aparecer à frente!
Projectam e especulam sobre o futuro ano 1992, designadamente sobre os próximos lançamentos da  Meribérica, a grande editora dos anos 90, e rezam para que a Editorial Futura resista.
No artigo "Notícias do Clube", O Moscardo expõe toda a falta de entusiasmo, podridão e oportunismo que grassava no CPBD.
Na rúbrica "Ecus" são publicadas pequenas críticas e elogios a algumas edições lançadas no mercado nacional, destacando-se o surgimento de LX Comics.
Em complemento a todo este manancial informativo, são também apresentadas duas bd da autoria de Arlindo Horta.
O Moscardo #1, Junho de 1990, 26 págs., fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Tiragem: 100 exemplares. Amadora.

O Moscardo #2
O segundo e último número de O Moscardo dá continuidade à linha assumida na edição anterior - um fanzine formativo e não divulgativo. Há também quem veja n' O Moscardo um dos raros fanzines de crítica de bd alguma vez existente em Portugal. No entanto, nas suas páginas não encontramos muitas críticas - apenas "A Febre de Urbicanda" de Schuiten e Peeters e à série "Os Companheiros do Crepúsculo" de F. Bourgeon.
De resto, escreve-se muito sobre o ecossistema social da banda desenhada nacional - os clubes, os festivais, a Meribérica e as Selecções da BD, as cromices, as tricas e as zangas dos bedéfilos, etc. Critica-se também o estado da crítica de bd em Portugal, considerada como inexistente ou de fraca qualidade.
Nos textos apresentados, sobressai sempre um refinado sentido de humor e um forte sentido de autoirrisão, que nos coloca um sorriso desconcertado no rosto.
Pelo meio, publicam-se algumas pranchas de banda desenhada, com destaque para uma "obra inédita" de António Jorge Gonçalves.
O Moscardo #2, Setembro de 1990, 30 págs., fotocópia a preto & branco, 21x29,7cm. Amadora.

26 outubro 2025

Spookytongue

Hetamoé, a autora de Spookytongue referiu que esta publicação "é uma banda desenhada  sci-fi existencialista em dois actos, que explora as topografias corporais da emoção através da pseudociência abjeta do misticismo quântico. A primeira metade é um conto visual narrado a partir do ponto de vista de um ser humano bioengenheirizado, concebido para recolher informações sobre mundos paralelos, à medida que o seu sentido de identidade se torna cada vez mais fragmentado e desterritorializado. A segunda metade, composta por vinhetas tipo yonkoma (“quatro painéis”), tenta mapear fluxos transfronteiriços ao colapsar charlatanismo quântico, ídolos japoneses da gravura, ensinamentos budistas, tectônica futura e imagens militares num omake excessivamente longo de poética antropocenica.
Desenho recorrendo a influências como a ficção onírica (anti-)científica  de Tarkovsky, Blade Runner: The Final Cut (dica: o unicórnio!), as tretas da New Age e o meu painel do Tumblr para tecer esta experiência esquizóide, em belos tons de amarelo e azul. Criticado por alguns como «propaganda fascista transhumanista», cabe agora a cada leitor dar o seu veredicto final sobre Spookytongue." (texto original escrito em inglês, traduzido livremente).
Por seu lado, Alex Hoffman escreveu no blogue Sequential State que Spookytongue "opens with a text-heavy dialogue page, like the opening of an 80s anime or a Star Wars film; Hetamoé explains that an uncommon inflammatory mucosal disease, geographic tongue, is a window by which past and future worlds can be seen, and that in 2525, artificial humanoids are being developed in order to wage quantum war. The trick is that this introduction explains little if nothing of the comic that follows.
Spookytongue is split in two distinct halves – the first is a more traditionally western layout, and the second is influenced by the Japanese comic strip 4-koma style. Throughout, Hetamoé’s work takes on a futuristic sociopolitical bent, half cyberpunk and half philosophical musing. I’m reminded of the work of famous mangaka Masamune Shirow as much as I am the work of Finnish cartoonist Ville Kallio, although in both cases Hetamoé’s work is much more abstract about the future it envisions. These comparisons seem apt because like Kallio’s work, Hetamoé’s work is influenced by Japanese art, especially creators like Shirow.
There are some thematic elements to the book that are hard to grok– the unicorn is a frequently appearing visual motif that I had a hard time placing. The book is printed in two colors, a vivid blue and a lime green/fluorescent yellow. The color choice exaggerates and emphasizes the retro-futuristic feel of the book. The language of Spookytongue is flowery and opaque; Hetamoé manages to capture the background noise of cyberpunk with seemingly unlinked ideas and observations of the world and our universe. If anything, Spookytongue, with its unique formal constraints, seems like a window into a future world passing you by. As the reader, you will catch snippets of a whole conversation without piecing together its meaning. Spookytongue is moving too fast, or more likely, you’re moving too slow."
Spookytongue, Janeiro de 2017, 32 págs, impressão digital a duas cores, 11,5x16,3cm. Edição: Ediciones Valientes. Valencia. Espanha.

24 outubro 2025

Contos do Mar

Contos do Mar é uma pequena publicação de Matilde Feitor por onde ecoam sentimentos fortes, recordações envoltas numa nebulosa difusa, indecisões impossíveis de resolver.
Memórias que se esboroam ao sabor das marés em aguadas de tinta da china acentuando a maresia das tágides abandonadas, fustigadas pelos reflexos das luzes nocturnas.
Uma deriva poética interior na encruzilhada dos afectos e dos sentimentos contraditórios. 
Contos do Mar, Março de 2025, 12 págs, impresso a preto & branco; capa em papel colorido, 10,5x15cm.

  © Ourblogtemplates.com